Uma pesquisa realizada em novembro desse ano, por uma das maiores empresas de serviço do mundo, a Delloite, mostrou que apesar da crise desencadeada pela pandemia, existe uma expectativa de que, no próximo ano, haja uma ampliação no quadro de contratações da ordem de 44% em empresas brasileiras e nordestinas, em 36 segmentos diferentes. As aberturas de novas vagas no mercado de trabalho seriam reflexo da curva de recuperação, que faria uma recomposição dos postos de trabalho perdidos na crise. Apesar do estudo apontar para um cenário melhor, as incertezas em relação à economia ainda são muitas, especialmente, com o fim do auxílio emergencial, em janeiro. A perspectiva é que a taxa de desemprego suba de 13,1% para perto de 17% em 2021.
O presidente da seccional local da Associação Brasileira de Recursos Humanos(ABRH) Wladimir Martins acredita que ainda é cedo para definir cenários futuros no mercado de trabalho em virtude das inúmeras instabilidades, no entanto, reconhece que algumas áreas despontaram nesse período. “Com a perspectiva da vacina e se não houver novas situações de fechamento, acredito que 2021 será um pouco mais promissor, mas acredito que crescimento real só em 2022”, afirma.
A diretora de Operações na Região Nordeste da Consultoria LHH, Mariângela Shoenacker afirma que o mercado de trabalho foi afetado em todas as cadeias de produção, mas tanto o impacto como a recuperação ocorreram em níveis diferentes para cada área. “Frente a um cenário de incertezas macroeconômicas e de mercado, as empresas demostram de acordo com a pesquisa da Deloitte, um apetite moderado das empresas por investimentos em produção e crescimento orgânico em 2021”, diz a representante da LHH. Ela destaca que a formação de pessoas para conduzir essas mudanças de modelo de negócios e tecnologia é considerada prioritária para grande parte das empresas pesquisadas em 2021.
Áreas em crescimento
Mariângela salienta que, por conta do isolamento imposto, houve necessidade das empresas adotarem canais de venda online e modelos de trabalho remoto para promoverem a continuidade de seus negócios. “Com isto, a necessidade de ampliar os investimentos em tecnologia para suportar essas transições e, consequentemente, em segurança digital para garantir a conformidade da gestão de dados”.
Com uma postura parecida, o presidente Global da LHH Ranjit de Sousa diz que a falta de atenção dada aos funcionários cria uma série de desafios. “As pessoas são, literalmente, a força vital de uma economia. Se as pessoas estiverem otimistas em relação a seus empregos e suas vidas, podem levar os negócios a novos patamares e energizar economias inteiras com suas decisões de compra”, defende. Para ele, é necessário que as empresas e organizações engajem e dêem segurança aos seus colaboradores quanto ao futuro. “Essa é fundamental para a empresa ter sucesso”, acredita.
O representante da ABRH acredita que, mesmo com os ajustes tradicionais do fim de um ano e início de outro, ainda haverá uma tendência alta de desemprego, pois muitos segmentos ainda não conseguiram se reorganizar para voltar a produzir. “A área de logística, por exemplo, teve uma explosão de crescimento muito significativo nesse período, especialmente porque, no Brasil, havia uma defasagem quando comparada aos outros países”, diz. Martins lembra que os setores de saúde e construção civil passaram por 2020 sem crises e com possibilidades de crescerem no próximo ano.
Martins também destaca a área financeira como um mercado potencial para o próximo ano. “Os setores que precisarão de profissionais qualificados e prontos para entrarem em cena são justamente os que lidam com finanças, segurança da informação, inclusive para atender as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados, e a área de recursos humanos, que precisarão estar prontos para atuarem com a terceira onda da Covid-19, que se caracterizará pelas sequelas físicas e psicológicas advindas da pandemia”, esclarece.
Novos cenários
Mariângela Shoenacker acredita que, em decorrência da maior adoção do home office, existe a tendência de os profissionais poderem buscar oportunidades que estão além das suas cidades e até do próprio país. “Há uma tendência que as equipes no futuro possam trabalhar de forma colaborativa de locais totalmente distantes fisicamente. Isso aumenta as possibilidades de um profissional bem adaptado ao mundo digital de encontrar uma vaga, mas, ao mesmo tempo, pode aumentar a concorrência por profissionais já que, de uma hora para outra, a concorrência passa de local para ser global”, pontua.
Para a especialista, dentro desse novo cenário de empregabilidade, uma qualidade muito necessária é a adaptabilidade. “O mercado ainda precisa encarar seus profissionais como mais do que uma coleção de habilidades. O trabalhador que vai se destacar no futuro será aquele capaz de aprender e aplicar diferentes habilidades, adotar novos modos de pensar e ajudar na criação de culturas”, esclarece.
A diretora da LHH salienta que, para ter sucesso neste contexto de mudanças, além de ter uma boa alfabetização digital (saber pilotar ferramentas tecnológicas para melhorar o seu desempenho, seja presencial ou remotamente), os profissionais devem ter desenvolvido as competências socioemocionais, em especial a capacidade de adaptação, de inovação, agilidade de aprendizagem, pensamento crítico, comunicação e inteligência emocional.
O representante da ABRH acredita que, mesmo com os ajustes tradicionais do fim de um ano e início de outro, ainda haverá uma tendência alta de desemprego, pois muitos segmentos ainda não conseguiram se reorganizar para voltar a produzir. “A área de logística, por exemplo, teve uma explosão de crescimento muito significativo nesse período, especialmente porque, no Brasil, havia uma defasagem quando comparada ao outros países”, diz. Martins lembra que os setores de saúde e construção civil passaram por 2020 sem crises e com possibilidades de crescerem no próximo ano.
O presidente da ABRH diz que quem deseja se recolocar não deve ficar sentado esperando as oportunidades, mas que é preciso buscar o autoconhecimento e a requalificação. “Resiliência, flexibilidade, adaptabilidade, inteligência emocional, criatividade serão as outras competências exigidas para esse novo momento”, finaliza Martins.
NÚMEROS DO TRABALHO
Áreas que estão vencendo a crise