Como o Uruguai, o pequeno país que faz fronteira com o Brasil, conseguiu controlar a pandemia e ter menos de 100 mortes por Covid-19, enquanto o Espírito Santo, que tem população igual, registrou quase 5 mil mortes? O feito dos uruguaios deve-se ao pesquisador Gonzalo Moratorio, de 38 anos, o único latino-americano reconhecido pela revista Nature como um dos dez cientistas mais importantes de 2020.
Ele, que já publicou 40 artigos em revistas científicas, desenvolveu um teste barato e eficaz para detectar o coronavírus. Ele dirige o Laboratório de Evolução Experimental de Vírus do Instituto Pasteur de Montevidéu que, percebendo como as matérias-primas para fazer os testes de Covid-19 eram caras e importados, resolveu desenhar seus próprios testes com os materiais e tecnologia disponíveis no Uruguai. E obteve um teste barato e com a mesma sensibilidade e especificidade de qualquer um dos testes recomendados pela OMS.
O teste uruguaio não precisa de nenhum grande laboratório ou empresa farmacêutica para sua realização. “Isso é uma vantagem porque, por exemplo, os testes da Roche só funcionam com equipamentos Roche e os equipamentos da Roche analisam apenas os testes da Roche. O mesmo acontece em outros casos. Nossos testes são para todos os tipos de equipamentos, são abertos e gratuitos porque os financiamos com recursos públicos e cooperação internacional”, disse o pesquisador.
Resultado: milhares de testes foram feitos desde o dia da primeira infecção. Isso serviu para fazer diagnósticos massivos, rastrear as infecções e isolar os positivos. Com isso, não houve uma quarentena obrigatória que restringe os direitos individuais, mas apenas recomendações. O maior problema eram as fronteiras, principalmente o Brasil, então os uruguaios colocaram laboratórios nessas áreas específicas e impediu a entrada de muitas infecções.
Mas Gonzalo Moratorio está preocupado: “No entanto, meu medo é que todos esses esforços sejam arruinados porque com o verão as pessoas estão relaxando e os números estão subindo”, disse o médico. Com informações de O Globo.
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