O comércio da Bahia segue na trajetória de recuperação. Em outubro, as vendas cresceram 9,9% na comparação com o mesmo período de 2019. O faturamento registrado foi de 9,1 bilhões de reais, sendo o melhor resultado para o mês desde 2015. No acumulado do ano, entretanto, o saldo ainda é negativo em -8% e uma perda monetária de 6,4 bilhões de reais.
Os dados fazem parte de pesquisa da Fecomércio-BA com base nos números do IBGE. As lojas de eletrodomésticos e eletrônicos tiveram a maior alta em outubro, de 47,4%, e foram as que mais influenciaram o desempenho no mês. O faturamento foi de 1,8 bilhão de reais, o maior já registrado para o mês da série histórica. Embora o aumento de preços desses produtos tenha subido 5,3% na RMSA no ano, não é a única justificativa para o aumento de faturamento. As famílias estão usando parte do auxílio emergencial para comprar computadores, celulares, entre outros equipamentos para adaptação ao novo normal. “A melhora no emprego tem contribuído para dar confiança aos consumidores de comprar esses tipos de produtos que normalmente são adquiridos de forma parcelada”, esclarece o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.
VAGAS EM OUTUBRO – Sobre o mercado de trabalho, inclusive, vale lembrar que na Bahia foram criadas 16,4 mil vagas formais em outubro, acumulando um saldo positivo de 46 mil desde julho.
Outra alta expressiva foi do setor de móveis e decoração, de 44,9%. Seguido do crescimento de 28,8% das lojas de materiais de construção. Esses dois segmentos vêm numa sequência positiva, influenciado também pelo auxílio emergencial, mas pelo estímulo que houve para a construção civil com a taxa de juros num patamar historicamente baixo. São famílias fazendo pequenas reformas e outras comprando imóveis novos ou renovando um apartamento ou casa antiga.
As demais elevações foram dos supermercados e farmácias com variações anuais de 14,5% e 9,3%, respectivamente. Mesmo que haja uma melhora, o desempenho dos supermercados, por exemplo, ainda está 15% abaixo do que foi o melhor resultado para o mês da série, em 2013, com R$ 1,6 bilhão.
Foram três os setores com resultados negativos: veículos e autopeças (-17,6%), vestuário, tecidos e calçados (-8,4%) e Outras Atividades (-8,3%). “No caso dos veículos há um problema da falta de produtos, pois as montadoras foram pegas de surpresa com uma retomada rápida do consumo e não conseguem atender a demanda. Não raro os casos de consumidores terem que esperar alguns meses para receber o veículo. Assim, prejudica o setor e impacto negativamente no faturamento”, comenta Dietze.
A economia baiana está se recuperando cada vez mais rápido da pandemia, mas a Fecomércio-BA sempre alerta que o auxílio emergencial é pontual e acaba em dezembro, o que deve reduzir o ritmo de consumo a partir de 2021. “Trata-se de um otimismo com cautela, pois a variável mais importante para que haja o consumo de longo prazo está avançando gradativamente, que é o emprego”, diz o economista.
De qualquer forma, o forte aumento nas vendas, como visto em outubro, é um alívio para os empresários do comércio que conseguem voltar a ter acesso a crédito nos bancos, por meio de modalidades de desconto de recebíveis e antecipação de fatura de cartão, com garantia das vendas. No início da pandemia, vale lembrar, a falta de garantia era o grande problema, principalmente para micro e pequenos empresários. E com crédito as empresas podem se planejar para aumentar estoques, contratar funcionários, ampliar os espaços, o que contribuiu mais ainda para a recuperação não só das vendas, mas da distribuição de renda através da geração de emprego.
Foto Valdenir Rezende- Correio do Estado