O presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores nesta segunda-feira (7), no Palácio da Alvorada, que está articulando com o Congresso Nacional a adoção do voto impresso no Brasil. “Já estou conversando com lideranças no Parlamento. Quem decide o voto impresso somos nós, o Executivo, e o Parlamento”, afirmou, quando uma apoiadora disse ao mandatário que “exigia o voto impresso”. “E acima de nós o povo, que quer o voto impresso”, completou Bolsonaro. Em 2015, o Congresso Nacional aprovou a implantação do voto impresso, mas foi derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2018. Em setembro deste ano, a maioria da Suprema Corte entendeu como inconstitucional a impressão do voto, confirmando a decisão liminar de 2018.
O presidente e seus aliados têm colocado em dúvida o processo eleitoral defendendo o voto impresso. No último domingo (6), um grupo de apoiadores fez protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, defendendo a mudança. A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) estava no local e colocou em dúvida a credibilidade da urna eletrônica. A parlamentar tem um Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que propõe a impressão do voto, a ser conferido e depositado pelo eleitor em urnas de forma automática e sem contato manual, para fins de auditoria. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, já se manifestou sobre a possibilidade, dizendo que seria um retrocesso.
O TSE informa que a impressão do voto foi testada no pleito de 2022, quando o eleitor fazia a conferência visual do voto, sem manuseá-lo. À época, segundo o órgão, além dos custos altos para a implantação, “o grande número de falhas devido à natureza mecânica do processo também impediu o transcurso fluente dos trabalhos nas seções eleitorais”. Bolsonaro e apoiadores reforçaram os questionamentos ao processo eleitoral depois das eleições municipais deste ano, quando muitos dos seus candidatos foram derrotados nas urnas. Entre eles está a sua ex-esposa, Rogéria Bolsonaro, com quem o presidente teve três filhos, e que tentou um cargo para vereadora do Rio de Janeiro.
Mas o presidente questiona as eleições há algum tempo, sem nunca trazer provas. Em março deste ano, ele disse que ganhou as eleições em primeiro turno, e que tem provas de fraudes no sistema de votação, mas nunca as apresentou.
Foto: Carolina Antunes / AFP