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LEITOS DE COVID-19 CAÍRAM 30% EM RELAÇÃO À ÚLTIMA ONDA; ESTADO INICIA REATIVAÇÃO

Redação - 05/12/2020 13:00

Nem deu tempo de respirar. A tal segunda onda da pandemia já atinge a Bahia e a prova disso é que, passados quinze dias desde o fim das eleições, os leitoshospitalares dedicados à doença voltaram a ter alerta de possível lotação máxima. Depois daquele pico entre junho e julho, houve uma queda de casos e o governo estadual foi aos poucos desativando vagas. Havia no pico mais de 2,6 mil leitos e agora temos cerca de 1,8 mil, uma redução de 30% em relação à última onda. O estado já prometeu reativá-los, mas há uma grande preocupação de este ser um momento pior para internamento porque as vagas de UTI serão disputadas, já que uma parte delas está agora ocupada por pacientes de outras doenças graves que adiaram seus tratamentos devido ao medo do coronavírus.

O secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, afirmou na quinta (3) que o cenário para internações agora é mais crítico porque todas as regiões baianas estão com alto número de incidência de casos e internações. Antes, teria ocorrido um revezamento dos surtos entre as cidades, partindo primeiro da capital e em seguida indo em direção ao interior, mas agora ele é simultâneo em todo o estado, o que termina sobrecarregando laboratórios de testes, transportes e regulação de pacientes.

Professor do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba e membro da Rede Covida, Luis Eugenio de Souza afirma que a situação vai ser ainda mais cruel para quem precisar de leito porque, diferente de agora, quando a última onda estava se aproximando, procedimentos eletivos foram adiados ou suspensos nas unidades de saúde, o que deu folga para a dedicação aos casos de covid-19. Desta vez, pacientes em condições crônicas, como câncer, diabetes e hipertensão voltaram aos tratamentos e já não podem mais adiá-los.

“Mesmo que se volte a suspender novamente esses procedimentos, vai demorar para que se liberem todos os leitos. Acrescente-se que muitos leitos foram desativados. É preciso considerar ainda que os profissionais de saúde que estão na linha de frente estão exaustos e não tem sido fácil ampliar as equipes”, adianta o pesquisador. Neste quadro, Souza soma ainda os riscos dos encontros de fim de ano e a chegada de turistas no verão. “Há notícias de aumento de procura por hotéis e pousadas, de pessoas nas praias. Tudo o que precisa para aumentar a transmissão do vírus”, completa.

E ainda tem os acidentados

Ainda segundo o secretário estadual, todas as regiões baianas estão com elevadas taxas de ocupação, superiores a 70%, o que volta a pressionar a capital, que concentra maior número de leitos. “No começo da pandemia tínhamos acidentes de trânsito reduzidos e agora temos um novo perfil epidemiológico que é a coexistência de causas de internação covid e não-covid”, explicou ele em entrevista ao Correio

As regiões com ocupação mais crítica de UTIs são as dos municípios que estão localizados no nordeste, centro-norte, centro-leste e extremo-sul do estado. Cidades como Brejolândia, Barra do Mendes, Boninal, Cravolândia, Gavião, Ibitiara, Lajedinho, Mundo Novo, Piripá, Serra Dourada e Várzea do Poço registraram grande aumento de novos casos esta semana e nenhuma delas possui leitos públicos de alta complexidade, dependendo de regulação para cidades maiores e na capital.

Doutora em matemática e pesquisadora da Fiocruz Bahia, Juliane Oliveira calculou que sete das nove regiões do estado estão quase no limite de ocupação das UTIs, enquanto leitos de enfermaria estão em baixa. “Isso indica que há mais casos graves do que pacientes com sintomas leves”, analisa Oliveira. A situação é mais delicada para os lados do centro-norte e extremo-sul, que já têm 90% de lotação nas vagas intensivas.

Foto: divulgação

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