Empurrado pela vitória em São Paulo, o PSDB se manterá como o partido que governa uma parcela maior da população nos municípios do país, embora tenha perdido o controle de importantes metrópoles nos estados. Terão prefeitos tucanos 34,1 milhões de pessoas país afora, ante 26,1 milhões do segundo partido com o maior nesse quesito, o MDB. De maneira geral, em relação há quatro anos, o poder político estará menos concentrado em poucos partidos. O recorte de população governada tem importância no jogo de forças partidário do país porque reflete as zonas de influência de cada agremiação, um ativo, por exemplo, na hora da montagem dos palanques nas eleições gerais de 2022.
Também reflete o peso orçamentário sob a administração de cada legenda, fator relevante para a confecção de vitrines políticas ou na formação de novas lideranças de projeção nacional. Só na capital paulista, o PSDB governará 12,3 milhões de habitantes. O partido, porém, encolheu 35% no número de prefeitos eleitos em relação ao pleito de 2016 e vai sair de grandes prefeituras, como Porto Alegre, Manaus e Teresina. Mas permanece com hegemonia no estado de São Paulo, onde tem o governador há sete mandatos e ampliou agora a quantidade de prefeituras. Em outro estado onde tem o governador, o Rio Grande do Sul, venceu em três cidades no segundo turno: Santa Maria, Caxias do Sul e Pelotas.
Em 2016, impulsionado por uma onda de rejeição ao PT, os tucanos haviam atingido a maior marca de população governada neste século, com 49 milhões de pessoas. Ainda nesse campo político, o MDB, que continua como líder em prefeitos eleitos pelo país, embora com uma retração de cerca de 25% em relação a 2016, reverteu em partes um fenômeno ocorrido na eleição de 2018. Naquele ano, alvejado na onda de renovação nas eleições gerais, sofreu derrotas com antigos caciques, como Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO). Agora, ganhou importantes prefeituras com nomes que remetem à sua tradição política, como em Boa Vista, reduto de Jucá, em Cuiabá (MT), e principalmente em Goiânia, onde quem venceu foi Maguito Vilela, que tinha sido governador de Goiás mais de 20 anos atrás.
O DEM, que passou por reveses nos tempos em que o PT detinha a Presidência da República, dobrou sua população governada, além de ter sido um dos partidos que mais aumentaram a quantidade de prefeitos eleitos em relação há quatro anos. A quantidade de eleitores é diretamente influenciada pela eleição de Eduardo Paes no Rio, segundo município mais populoso do país, com 6,7 milhões de habitantes. O partido também obteve reeleições em primeiro turno em 2 das 3 capitais sulistas —Curitiba e Florianópolis. O paranaense Rafael Greca e o catarinense Gean Loureiro, porém, têm pouco tempo de legenda —haviam vencido em 2016 respectivamente pelo PMN e MDB.
O DEM pode estender seus redutos eleitorais caso vença em Macapá (AP), onde a eleição foi adiada por causa de um apagão no início do mês. Nessa cidade, o partido chegou a aparecer à frente em pesquisas, com o candidato Josiel Alcolumbre. Integrante do bloco parlamentar conhecido como centrão, o PP também foi um dos que mais avançaram em número de prefeitos eleitos: governará 16,6 milhões. Nas capitais, venceu em João Pessoa (PB) e em Rio Branco (AC), município que detinha a marca de eleger apenas prefeitos petistas desde 2004. O PSD, também integrante do centrão, emplacou no primeiro turno a reeleição de Alexandre Kalil em Belo Horizonte e de Marquinhos Trad em Campo Grande (MS), e agora conseguiu renovar o mandato em Guarulhos, maior município que não é capital no país, com 1,4 milhão de habitantes.
Também ganhou em Campos dos Goytacazes, no Rio, que voltará a ser governada pela família Garotinho. Depois de quatro mandatos do casal Anthony e Rosinha, o vitorioso foi o filho, Wladimir Matheus de Oliveira, 35, atualmente deputado federal. Mas a candidatura ainda está sub júdice. No espectro político mais à esquerda, o PDT permanece no ranking de população governada à frente do PT, que agora novamente sofreu retração na quantidade de prefeitos eleitos. Pedetistas vão governar Aracaju (SE) e Fortaleza. O PT pela primeira vez desde a redemocratização não ganhou em capitais.
Em 2016, já havia sofrido uma queda de 60% no número de prefeitos eleitos. Diferentemente da situação de quatro anos atrás, quando a campanha ocorreu em meio ao processo de impeachment de Dilma Rousseff e ao auge da Operação Lava Jato, desta vez o partido teve algum sucesso em regiões metropolitanas. Elegeu os prefeitos de Diadema e Mauá (ambas na Grande São Paulo) e em Contagem (MG).
Destaque no campo da esquerda ao passar para o segundo turno em São Paulo, o PSOL elegeu pela segunda vez em sua história um prefeito em capital, com Edmilson Rodrigues, em Belém. A população governada por psolistas passará, portanto, a 1,5 milhão. Já o partido pelo qual Jair Bolsonaro se elegeu presidente em 2018, o PSL terá em Ipatinga (MG) a sua principal cidade. O partido ainda concorre em Macapá. Outro partido que se destacou em 2018, o Novo, elegeu pela primeira vez um prefeito no país. Foi no interior de Santa Catarina, um dos estados mais identificados com o bolsonarismo dois anos atrás.
Empresário do setor farmacêutico e novato na política, Adriano Silva, 42, foi eleito em Joinville, cidade mais populosa do estado, com quase 600 mil moradores. O Novo, que ficou em quinto lugar na eleição presidencial de 2018, já governa Minas Gerais. O Republicanos perdeu a Prefeitura do Rio, com a derrota de Marcelo Crivella, mas aumentou a quantidade de prefeitos eleitos em relação a 2016 e mostrou força no interior de São Paulo, com vitórias em Campinas e Sorocaba. O partido é ligado à Igreja Universal e abriga dois dos filhos do presidente Bolsonaro. O Podemos, sucessor do nanico PTN e encorpado por adesão nos últimos anos, governará uma população maior do que a do PT. No segundo turno, por exemplo, venceu em Blumenau (SC).
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