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O OCASO DO PT, A DERROTA DE BOLSONARO, O REPOSICIONAMENTO DO CENTRO E A ASCENÇÃO DA NOVA ESQUERDA

Redação - 30/11/2020 09:03 - Atualizado 30/11/2020

O resultado das eleições no segundo turno  no Brasil foi um recado para os políticos e para os partidos. Nacionalmente o recado é nítido: as urnas mostraram a derrota de Bolsonaro, o ocaso do PT, o reposicionamento do centro e a ascensão da nova esquerda.

Jair Bolsonaro foi o grande derrotado dessas eleições. Atuando como uma biruta louca que não tem ideias ou ideologias mas apenas interesses particulares, como aliás é a característica de seu governo, o Presidente saiu derrotado em quase todos os locais onde apoiou candidatos. O apoio a Crivella no Rio de Janeiro mostrou o verdadeiro rosto do bolsonarismo e que sua ascensão ao poder foi um ponto fora da curva, motivado por condições excepcionais.

O ocaso do PT, caracterizado pelo fato do partido não ter eleito nenhum prefeito entre as captais brasileiras ficou patente.  Aquele que já foi o maior partido brasileiro está minguando e isso é fruto de erros já conhecidos, como a falta de autocrítica frente à corrupção nos seus quadros, o aparelhamento das instituições, típica doença do esquerdismo infantil, que permanece nos estados em que ainda detém o poder e a resistência a fazer alianças e ceder o protagonismo a outros partidos. O PT permanece como os mesmos métodos e se não se modernizar estará fadado ao ocaso definitivo.

Ao mesmo tempo, as eleições mostram a ascensão de uma nova esquerda, uma esquerda crítica do PT e dos seus métodos que hoje predomina entre os grupos progressistas. Nas universidades brasileiras já era visível há muito tempo a força dessa nova esquerda,  com a maioria dos estudantes e muitos professores abandonando o evangelho petista e buscando no PSOL uma alternativa política mais moderna. É verdade que em muitas universidades e nos estados onde ainda mantém o poder o PT tenta encastelar-se, aparelhando órgãos e “ocupando todos os espaços” como nos tempos do pecezão.

Mas a força do novo está se impondo e o novo foi encarnado no PSOL e em Guilherme Boulos que, com 40% dos votos dos eleitores da maior cidade do país, perde a eleição, mas saí vitorioso, como o líder de uma esquerda moderna e em ascensão. O PSOL saí fortalecido e se Marcelo Freixo tivesse saído candidato no Rio de Janeiro, seria ele quem polarizaria com a candidatura de centro, como aconteceu com Boulos em São Paulo.

Por fim as eleições mostraram que o centro ainda é no espectro político brasileiro uma força poderosa que fez o maior número de prefeitos e teve o maior número de votos. Mas esse centro não é um centro coeso, como afirmam alguns analistas, afinal,  as eleições mostraram a força da centro-direita, capitaneada pelo DEM e pelo PSDB, mas mostraram também a força da centro-esquerda, capitaneada pelo PDT de Ciro Gomes e pelo PSB,  e do Centrão, que fez o maior número de prefeituras no país e pode se posicionar mais a esquerda ou mais a direita, a depender dos seus interesses. Aliás, é nesse grupo que o presidente Bolsonaro tenta, num processo parasitário mútuo, se apegar. Mas, diferente da centro-direita e da centro-esquerda, que tem certo arcabouço ideológico, o Centrão vai em busca da biruta que aponta para o poder e ela não parece apontar para Jair Bolsonaro.

Assim se move o quadro da política brasileira após as eleições de 2020 e é nesse cenário que vai ser construída a eleição presidencial de 2022. (EP – 30/11/2020)

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