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FINANCIAMENTO DISPARA, MAS JUROS E DESEMPREGO SÃO ALERTA

Redação - 30/11/2020 12:07 - Atualizado 30/11/2020

Os financiamentos imobiliários aumentaram 49% no acumulado do ano até outubro em relação ao mesmo período de 2019, para seu maior volume mensal desde 1994, mostraram dados da associação de financiamentos imobiliários do Brasil, a Abecip, impulsionados pela queda na taxa Selic para 2%, ante mais de 14% em 2016.

Segundo a Reuters, o aumento dos financiamentos é bem-vindo para os bancos Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil, cujas carteiras de crédito ficaram sob pressão com a crise do coronavírus. A Covid-19 também gerou perdas enormes de empregos e um aumento, pelo menos inicial, dos ativos problemáticos nos financiamentos imobiliários, o que pode se mostrar um caminho potencialmente traiçoeiro mais à frente para tomadores e credores, a depender do desenrolar da crise.

O último boom imobiliário do Brasil terminou mal. Há pouco mais de cinco anos, o boom terminou com os bancos retomando centenas de apartamentos e prédios inteiros, dos quais se desfizeram com descontos posteriormente. Mas os banqueiros dizem que este é diferente, pois é impulsionado por taxas de juros baixas e é sustentado por cuidadosos modelos de crédito. “O mercado imobiliário no Brasil está bem abaixo de seu potencial, deixando muito espaço para crescimento, apesar do estresse econômico”, disse Danilo Caffaro, diretor de crédito imobiliário do Itaú.

Contudo, existem riscos no horizonte e um aumento na taxa básica de juros – que os economistas veem como provável em meio à crescente preocupação com a situação fiscal do Brasil – assim como a inflação, pode elevar o custo de alguns financiamentos.

Os empréstimos imobiliários com taxa variável ainda representam apenas 3% do total, mas dados recentes do Banco Central mostram que eles estão em alta, expondo os mutuários a qualquer aumento nas taxas. E outro aumento do desemprego, que já está em 14,6%, também pode representar um risco até para quem tem empréstimos com taxa fixa.

“Pode haver alguns problemas aqui e ali para os bancos, mas não vejo um risco sistêmico. Ao contrário da última crise imobiliária, os preços das moradias e dos juros estão baixos no momento”, disse o analista Fábio Fonseca, sócio da JGP Gestão de Recursos.

 

Foto: BartekSzewczyk/Thinkstock

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