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VACINA DE OXFORD COM DOSE MENOR É ‘INTRIGANTE’, DIZ LÍDER

Redação - 23/11/2020 13:45 - Atualizado 23/11/2020

A vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca mostrou eficácia de 90% quando aplicada em meia dose seguida de uma dose completa, anunciaram os cientistas nesta segunda-feira (23). Em contrapartida, a eficácia de duas doses completas foi menor, de 62%. Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram os dados de 11.636 pessoas vacinadas. Dessas, 8.895 receberam as duas doses completas, e 2.741 receberam a meia dose seguida de uma dose completa.

O cientista Andrew Pollard, diretor do Grupo de Vacinas de Oxford e que lidera os estudos, afirma que o motivo para isso ainda é “intrigante” para os pesquisadores. “Esses 90% são um resultado intrigante. Acho que é um resultado realmente excitante e intrigante que precisamos aprofundar mais”, afirmou Pollard em entrevista à BBC. Vacina de Oxford: com eficácia de até 90%, imunizante tem vantagens de custo baixo, armazenamento e produção

O CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, afirmou em coletiva de imprensa que uma dose menor na primeira aplicação da vacina significa que mais pessoas podem ser vacinadas em um intervalo menor. “Poder vacinar mais pessoas mais rapidamente é realmente uma grande vantagem”, disse Soriot. Em entrevista à GloboNews, o vice-presidente de produção e inovação em saúde da Fiocruz, Marco Krieger, também ressaltou a possibilidade de vacinar mais pessoas em menos tempo. A fundação tem um acordo de transferência de tecnologia com a AstraZeneca para produção das vacinas em solo brasileiro.

“A grande vantagem é que esse protocolo que deu o melhor resultado traz um benefício adicional. A gente vai poder fornecer a vacina para mais 30% de pessoas do que havia previsto”, disse Krieger. De acordo com ele, a previsão é vacinar 65 milhões de pessoas no primeiro semestre de 2021 e outras 65 milhões no segundo, considerando 2 doses para cada pessoa. Outros cientistas do Reino Unido, que não participaram dos estudos, também repercutiram os resultados da vacina.

Para Michael Head, pesquisador sênior em saúde global da Universidade de Southampton, na Inglaterra, assim como para Pollard, o resultado dos testes são intregantes.  “Esses resultados são intrigantes, com duas estimativas diferentes de eficácia, dependendo da dose usada com a vacina”, avaliou Head. “Ainda não está totalmente claro por que meia dose e uma dose completa eram potencialmente mais protetoras, mas se os resultados finais continuarem a mostrar esse padrão de cerca de 90% de eficácia, isso permitiria um maior suprimento de vacina não apenas no Reino Unido, mas também em todo o mundo”, ponderou.

Head frisou que os resultados ainda são provisórios e não foram revisados por outros cientistas – etapa que é necessária para publicação em revista científica. “Estes são resultados provisórios que não foram revisados por pares e o estudo está em andamento, então, assim como com os outros anúncios recentes da Pfizer e Moderna, devemos ser um pouco cautelosos com essas descobertas”, completou Head.

Foto: divulgação

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