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LUDMILLA EXPLICA IDEIA DE EXPOR ÁUDIOS RACISTAS EM PRÊMIO

Redação - 13/11/2020 14:19

A cantora Ludmilla se pronunciou sobre o protesto que fez no Prêmio Multishow 2020, na quarta-feira (11). Durante a performance do seu novo single, “Rainha da favela”, ela expôs áudios de ataques racistas que sofreu.  A artista disse que a ideia foi mostrar para as pessoas um pouco do que ela passa constantemente.

– É muito complicado você ter que se afirmar toda hora, você ter que provar toda hora que merece estar ali. E chegou uma hora que eu não quis mais provar que eu merecia estar ali, sabe. Eu só faço e eu estou ali porque eu sou isso, eu não tenho mais nada que provar para essas pessoas. E eu quis deixar aqueles áudios para o Brasil inteiro saber o que eu passo, o que eu enfrento. E, às vezes, algumas pessoas não entendem algumas atitudes minhas. Mas é tipo só a pontinha do iceberg de tudo o que acontece comigo nos bastidores – disse ela, numa live com Hugo Gloss no Instagram.

A cantora afirmou ainda que sua atitude teve um simbolismo importante:

– Estar ali performando, fazendo tudo aquilo e mostrando a minha música também é uma forma de mostrar para eles que eu não vou parar de jeito nenhum. Não importa o que eles falarem, o que eles disserem. Ninguém pode me parar. Só Deus pode me parar, e ele me botou aqui. Eu vou continuar fazendo isso, levando alegria para as pessoas e cantando a minha música.

Ludmilla contou também que passou a se aprofundar sobre o tema do racismo nos últimos tempos:

– Eu fui pesquisar mais sobre racismo, o que acontece… E eu estava vendo um filme que mostra que antigamente, na época da escravidão, quando um negro sabia fazer uma coisa a mais do que um branco, tipo, sabia ler, cantar melhor ou tocar algum instrumento melhor, apanhava, levava chibatada por isso. E, na nossa atualidade, essas chibatadas são esses ataques. Porque tem gente que não aceita uma preta estar no topo. Uma preta ter um carro melhor do que um branco. Uma preta estar numa posição melhor. Uma preta estar vestida melhor. Uma preta estar falando melhor. Estar se posicionando e estar pegando o seu lugar de fala, que é o seu de verdade. E aí, vêm as chibatadas. Só que antigamente era aquela escravidão, era aquilo tudo, era tudo amarrado. Hoje, a gente tem liberdade. Hoje eu sou livre para fazer o que eu quiser. Hoje, ninguém pode me prender – destacou.

Ela comentou, ainda, sobre críticas que recebeu por gravar o seu novo clipe numa favela, sendo que já não mora em uma:

– Só porque nasceu pobre, você tem que morrer pobre? Você não pode vencer na vida? Você tem não pode ter o seu jato, você não pode ter um diamante, você não pode ter um carrão? Aí você vê ali, mais uma vez, o preconceito escrachado (…) Eu vivi e ajudo as pessoas lá de Caxias. Eu não acho legal você dar com uma mão e mostrar com a outra. Eu saí da minha comunidade, saí de lá, mas me orgulho demais das minhas raízes. Eu amo Caxias (…) Quando as pessoas veem a gente brilhando, elas acham que a gente caiu de paraquedas. Não. Vocês não sabem o quanto eu chorei, o quando eu sofri para estar aqui. Mas só que cada vez eu estou mais madura e estou mais calejada para enfrentar tudo isso, porque, enfim, eu quero mais. Vão ter que aguentar.

Foto: Instagram

Fonto: O Globo

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