Em audiência pública hoje (13), na comissão mista do Congresso que acompanha as ações relativas à pandemia de coronavírus, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, explicou que incertezas e informações incompletas levaram a agência a suspender – por dois dias – os estudos clínicos com a vacina Coronavac, feitos pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac. A interrupção foi decidida pela Anvisa após notícias de que um voluntário dos testes da vacina teria morrido.
“Diante de informações incompletas – e os senhores vão constatar -, informações que passam longe do campo da certeza, outra atitude a não ser de imediatamente parar o processo sob risco de que outro cidadão testador fosse acometido do mesmo problema. Recairia sobre essas decisões, sobre esse corpo técnico, a culpa por qualquer outro evento adverso grave, que poderia ocorrer ao cabo de horas”, ressaltou Torres, acrescentando que a atitude foi tomada no momento certo pelo corpo técnico interno da Anvisa, que tem 18 especialistas.
Ao ser questionado sobre sua capacidade de estar à frente da Anvisa, Torres pediu que a credibilidade do corpo técnico da agência não fosse colocada em dúvida. “Se há alguma razão, se há alguma necessidade de que essas dúvidas pairem sobre a minha pessoa ou de qualquer outro diretor, que assim seja, mas não sobre o corpo técnico da agência, porque o corpo técnico continua. Os diretores passam. O corpo técnico continua. E essa decisão foi uma decisão técnica, reitero, já reconhecida pela autoridade máxima da saúde do estado de São Paulo, o secretário de Saúde do estado de São Paulo, que declarou à imprensa: motivos técnicos levaram à interrupção”, afirmou.
Torres garantiu aos parlamentares que não há interferência política nas decisões da Anvisa e lembrou que nela “não há subordinados, mas organograma”.
O diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, também participou da audiência pública de hoje. Ele disse que, apesar da comunicação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ter ocorrido no prazo previsto, com todos os dados necessários, inclusive com a informação de que o óbito não tinha relação com o imunizante, soube pela imprensa que os estudos clínicos com a vacina Coronavac haviam sido suspensos pela Anvisa.
Apesar disso, Covas garantiu que a medida, que durou apenas dois dias, não chegou a atrapalhar a pesquisa no Brasil. “Os estudos prosseguem, quer dizer, essa interrupção temporária não teve nenhum efeito prático sobre a condução dos estudos e, na realidade, os efeitos maiores foram os efeitos políticos decorrentes da forma como isso aconteceu e do momento em que isso aconteceu”, observou.
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