O presidente Jair Bolsonaro começou a semana causando polêmicas e proferindo ataques contra políticos baianos. Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, o chefe do Palácio do Planalto reclamou do favoritismo de candidatos a prefeito favoráveis ao fechamento de comércios durante a pandemia da Covid-19. Na conversa com os apoiadores, ele reclamou do favoritismo dos candidatos que apoiaram as medidas sanitárias para conter o avanço do novo coronavírus.
“Os caras lá na Bahia, fecharam, arrebentaram com o desemprego lá. Arrebentaram! Com o ‘fica em casa’, prenderam gente, pancada… Agora a culpa é minha que não tem emprego. E vão votar nos mesmos candidatos do governador. É impressionante”, vociferou o presidente sem citar o nome do governador Rui Costa (PT) e do prefeito ACM Neto (DEM), principais defensores das medidas.
A fala foi condenada por uma série de políticos. O senador Otto Alencar (PSD) avaliou que “os comentários do presidente não devem ser levados em consideração”. “Primeiro, comemorou a morte de um brasileiro. Depois, ele ousou desafiar a maior potência bélica do mundo. Depois, criticou o governador e o prefeito mais bem avaliados do Brasil”, declarou o parlamentar.
Para o pessedista baiano, Bolsonaro agride os baianos sem ser provocado. “O cerco que ele faz contra a Bahia é muito grande. Nós não tivemos direito a um empréstimo, porque o Ministério da Economia não liberou. […] Nós nunca provocamos o presidente. Ele agride sem ser provocado. É da natureza ditatorial dele. Ninguém o provocou, a Bahia nunca o provocou. É lamentável”, critica Otto.
O parlamentar também tem dúvidas se as declarações impactarão a popularidade do presidente. “Não sei vai atingir junto ao eleitorado, porque o ‘coronavoucher’ tem sustentado a popularidade junto ao eleitorado. Mas não torço contra ele. Torço para que ele possa melhorar”, completa. O senador Jaques Wagner (PT) também rebateu as ofensas. O parlamentar afirma que líder do Executivo federal está com “dor de cotovelo” por ser “mal visto” na Bahia. “Mesmo com a derrota do Trump lá nos EUA, em quem ele tanto se inspira, o presidente continua com a mesma insensatez de sempre. É uma grande dor de cotovelo, porque ele é muito mal visto aqui na Bahia”, declarou.
Dados divulgados pelo Ibope em 26 capitais brasileiras mostram que a aprovação de Bolsonaro caiu e a rejeição maior contra ele está justamente em Salvador. A capital baiana acentuou a baixa aprovação do governo, aparecendo na última posição com apenas 11% dos entrevistados classificando o governo como ótimo ou bom e 65% como ruim ou péssimo (21% consideraram regular).
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