quinta, 02 de maio de 2024
Euro 5.5709 Dólar 5.194

COM BIDEN, BOLSA TEM MAIOR APORTE DE ESTRANGEIROS

Redação - 12/11/2020 08:07

A Bolsa brasileira registrou a entrada de R$ 4,5 bilhões em recursos estrangeiros na última segunda-feira, primeiro pregão depois do anúncio da vitória de Joe Biden na disputa presidencial nos Estados Unidos. Mas o fluxo de recursos para a B3, segundo especialistas consultados pelo Estadão/Broadcast, pode ser temporário. O movimento só deve perdurar caso a busca por mercados emergentes de forma geral se revele uma tendência nos próximos meses.

A entrada de capital estrangeiro no País na segunda-feira foi a maior para um único dia desde 2007. Também superou o aporte registrado em todo o mês de outubro, de R$ 2,9 bilhões. Pelo porte, ajudou a reduzir ainda mais a retirada recorde no ano, para R$ 77,2 bilhões. Um mês antes, os saques estavam em R$ 86,7 bilhões. A fuga de dinheiro externo em 2020 é explicada por uma combinação entre a crise provocada pela pandemia da covid-19, a instabilidade causada pelas eleições americanas e o cenário desafiador das contas públicas brasileiras.

Dois destes fatores pareciam próximos a um desfecho na segunda, diante da confirmação da vitória de Biden e dos bons resultados da vacina da Pfizer, em fase final de estudos. Com isso, os mercados emergentes receberam investimentos em moedas estrangeiras, e o Brasil se beneficiou disso. “O investidor de fora está pouco presente no Brasil, mas, nos dois últimos dias, fez com que o volume (da Bolsa) dobrasse”, afirma Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável do BTG Pactual Digital.

Cesar Mikail, gestor da Western Asset, afirma que uma presidência democrata com um Congresso dividido com o Partido Republicano pode ser uma barreira a aumentos de impostos, especialmente sobre empresas de tecnologia. Junto ao progresso na vacina, desencadeou-se uma busca por maiores riscos, o que favoreceu o País. “Teve uma rotação de setores, mas também de mercados, com a entrada nos emergentes, porque o cenário é bom para estes países e suas moedas”, diz.

Segundo ele, porém, a continuidade deste fluxo depende dos humores dos grandes investidores. “Se o fluxo continuar, é difícil que o Brasil não esteja na cesta. Mas é um evento muito mais de liquidez do que pela história (econômica de cada nação) – e, do mesmo jeito que o dinheiro entra, ele pode sair.”. O cenário local só deve se tornar atrativo quando o Brasil colocar um freio no crescimento das contas públicas. Há expectativa de que reformas como a administrativa e a tributária andem após as eleições municipais, mas o curto prazo é desafiador.

Para Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, o cenário externo ajudou nesta semana. Para ele, porém, os riscos locais ainda são altos. “No Brasil, o risco fiscal perdeu força nas últimas semanas, mas continua no radar dos investidores e os embates políticos seguem. Isso ainda inspira um tom de cautela no mercado.”

Foto: divulgação

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.