No último artigo, fizemos alusão a um estudo do professor Alexandre Mendonça de Barros, no qual a China e outros países asiáticos, além de nações do Oriente Médio, devem ser o alvo preferencial das políticas de conquista e manutenção de mercados para o agronegócio nacional. Sem desprezar os mercados dos EUA e da União Europeia , os nossos esforços deve se dirigir para a China, Hong Kong , Singapura , Malásia, Indonésia e Vietnã, no continente asiático; e Arábia Saudita, Emirados Árabes e Irã, dentre outras nações, no Oriente Médio. É para este universo de nações , inclusive , que devemos concentrar nosso “exército” de adidos agrícolas para ajudar nas tarefas de identificação e prospecção de mercados. Curiosamente , não citamos o Japão neste elenco promissor para as nossas vendas externas setoriais , apesar de sua enorme população e eelevada renda percapita.
Pois bem, por conta de seu elevado déficit comercial agrícola, de quase 70 bilhões de dólares, e da sua escassez de terras agricultáveis, o Japão não pode ser negligenciado pela nossa politica comercial. Todavia, nossas exportações para este país não têm tido grande significado, posto que este mercado tem algumas particularidades.
O interesse japonês em nossa agricultura vem desde o início do século vinte, com importações concentradas sobretudo nas áreas de café e algodão .Mais recentemente, aumentamos nossas vendas de celulose e carne de frango. Por motivos expostos adiante, não conseguimos acessar tal mercado com nossa carne bovina, item ‘que os japoneses importam sobretudo da Austrália. Em 2019, exportamos pouco mais de 2 bilhões de dólares, com a pauta centrada em celulose , café em grão, carne frango, milho, farelo e derivados de soja e madeiras.
Um estudo recente da CNA, contudo , identifica outras oportunidades, que podem alcançar a expressiva cifra de 19 bilhões de dólares anuais para o mercado nipônico, especialmente em carnes, grãos e lácteos, dentre outros itens. Mangas, frutas cítricas e melão são também outras possibilidades.
Uma parte importante dos obstáculos de acesso ao Japão se concentra nas elevadíssimas barreiras tarifárias, nos elevados requerimentos de ordem sanitária e fitossanitária, e na exigência de carne bovina proveniente de rebanho não vacinado contra febre aftosa. Nesse último aspecto, o Brasil já está marchando para obter o reconhecimento do status de país livre de febre aftosa sem vacinação, meta prevista para até 2023.
Recentemente, os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Rondônia, além de Santa Catarina(que foi o primeiro estado brasileiro a obter este diferencial), entraram na lista seleta deste reconhecimento pelo Ministério da Agricultura, restando a apreciação da OIE, órgão internacional que cuida da saúde animal. A meta da Bahia é alcançar esse status em 2021. Quando isso ocorrer , a pecuária baiana mudará radicalmente de patamar.