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JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA: O RISCO FISCAL PÕE O BRASIL EM RISCO

Redação - 22/10/2020 05:00 - Atualizado 22/10/2020

A Ciência Econômica é uma mistura de números e expectativas. Os números indicam uma forte retomada na economia e permitem supor um bom 2021. Mas as expectativas, não as  relacionadas com a Covid-19 pois tudo indica que vacina virá em janeiro, mas com a situação fiscal do país são preocupantes. Isso porque os gastos do governo, que já eram altos,ampliaram-se na pandemia, resultando num déficit de 12% do PIB e no aumento da relação dívida/PIB que vai chegar a 100%. E nos primeiros quatro meses de 2021, o governo terá de financiar 15% dessa dívida num ambiente de risco fiscal. É o risco fiscal que faz a cotação do dólar disparar, fez os juros de longo prazo subirem e pressiona a inflação em alguns setores.

A cotação do dólar sobe porque a taxa Selic a 2% espantou o capital especulativo e o capital produtivo tem aversão ao risco. Resultado: o capital externo está deixando de financiar nossa dívida, está saindo da bolsa de valores e a cotação do dólar tende a subir. E quando o governo tenta rolar sua dívida no longo prazo encontra juros muito maiores do que no curto prazo e fica obrigado a financiar sua dívida em prazo curto ( 38% dela já tem vencimento em 12 meses). E dá um frio na barriga pensar que podemos voltar à década de 70 e 80 quando se rolava a dívida todo dia.

Como se não bastasse, a inflação deu as caras, e o índice de preços por atacado já atingiu  20% nos últimos meses e o custo alto do dólar está encarecendo o custo de produção de muitas cadeias produtivas e tudo isso vai ser repassado aos preços. Em resumo: o risco fiscal é responsável, em última estância, pelo dólar alto e pela volta da inflação. Para completar há a questão do auxílio emergencial, que se não for resolvida, pode comprometer o crescimento econômico em 2021. Como se resolve um problema desse tamanho? Bom, para começar com uma postura firme do presidente em defesa do teto de gastos, afinal, se a despesa ficar congelada e a economia voltar a crescer a relação Dívida/PIB vai cair.

E se isso for feito ao mesmo tempo que se aprova a reforma tributária e administrativa e o novo auxílio emergencial passa a ser financiado com corte de gastos e de subsídios, o risco fiscal cai mais ainda e, gradualmente, os juros de longo prazo se reduzirão, a cotação do dólar cairá e o aumento da produção vai conter os preços. Mas não se faz isso com bravatas e sim com decisão política. Agora, se nada for feito e  os ministros do próprio governo continuarem querendo furar o teto de gastos aí vai ficar tudo como antes no quartel de Abrantes.

                                       POLO SUCROALCOLEIRO

O Polo Agroindustrial e Bioenergético do Médio São Francisco está se tornando realidade. O polo, localizado nos municípios de Barra e Muquém do São Francisco prevê a implantação de cinco usinas com  investimentos privados superiores a R$ 2 bilhões, capazes de produzir 10,5 milhões de toneladas de cana. A primeira dessas usinas, do Grupo Paranhos Agroindustrial, está em implantação e deve entra em operação em julho de 2021 com 12 pivôs centrais colhendo 400 mil toneladas de cana-de-açúcar. E a empresa Bevap Bioenergia assinou protocolo de intenções com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico  para a  implantação de uma unidade industrial suco energética, um investimento de R$ 500 milhões.

                                  PALESTRA NA VETOR PARTICIPACÕES

Em comemoração aos 25 anos da Vetor Investimentos e Participações – uma empresa baiana, especializada na captação de recursos e nas operações de compra ou venda de empresas, com sede na Bahia e em Portugal – fiz palestra na última terça-feira sobre a economia brasileira em 2021. Na oportunidade, mostrei que as previsões apontam para um crescimento do PIB de 3,5% em 2021 e que as oportunidades de negócios são muitas especialmente em áreas do agronegócio, logística, saúde, educação, TI, saneamento, gás e outros. O Brasil está pronto para crescer, mas o governo precisa dar segurança ao investidor, garantir o teto de gastos, as reformas e um auxilio emergencial baseado em corte de gastos.

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