Apesar da queda de consumo, o preço do etanol nas usinas atingiu na semana passada os maiores patamares para um mês de outubro desde 2016. A escalada, ainda no início da entressafra, é provocada principalmente pela maior produção de açúcar e indica pressão sobre o consumidor também na próxima safra.
Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, na semana passada o preço do etanol hidratado, aquele vendido diretamente nos postos, bateu R$ 2,01 por litro nas usinas.
O valor de venda dos produtores às distribuidoras é 6,3% superior ao verificado na semana anterior e 8% mais caro do que o vigente um ano anterior, já descontada a inflação do período.
Já o etanol anidro, que é misturado à gasolina, era vendido nas usinas, 4% a mais do que na semana anterior e 13,2% acima do verificado um ano antes.
Segundo analistas, a escalada de preços reflete a desvalorização do real e a alta dos preços do açúcar, que superaram os R$ 1,3 mil por tonelada após disrupções na produção em países como Tailândia, Rússia e na União Europeia.
Normalmente, os preços do etanol sobem no último trimestre de cada ano, até atingir o pico no fim do primeiro trimestre do ano seguinte, antes da colheita da safra. Além de mais intenso, o cenário atual indica maior pressão durante a entressafra, já que as condições climáticas em regiões produtoras não têm se mostrado favoráveis.
Para o Itaú BBA, as projeções para a safra 2021/2022 indicam um balanço apertado na oferta de etanol. O banco estima necessidade de de importação superior a um bilhão de litros caso as vendas subam 8% e as usinas destinem 45% da cana para a produção de açúcar.