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BRIGA DE MINISTROS: “SÓ FALTA QUERER ME PEITAR”, DIZ MARCO AURÉLIO PARA FUX

Redação - 15/10/2020 19:50 - Atualizado 15/10/2020

Após dar seu voto no julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a prisão ou manutenção da soltura do traficante André do Rap, o ministro Marco Aurélio Mello se exaltou e dirigiu a palavra ao presidente do STF, Luiz Fux. O ministro afirmou que Fux agiu com “autoritarismo”. No fim de semana, o presidente do STF cassou a liminar (decisão provisória) que ele, Marco Aurélio, proferiu e que permitiu a soltura do traficante. No julgamento no plenário, concluído hoje (15), os ministros decidiram, por nove votos a um, pela manutenção da decisão de Fux.

Finalizado o voto de Marco Aurélio, Fux se dirigiu ao decano afirmando que a lei prevê que o ministro vencido deveria se pronunciar de determinada maneira, provocando a revolta do ministro. “Eu apenas gostaria de indagar vossa excelência, que o plenário por sua maioria resolveu enfrentar o mérito. As leis processuais elas determinam que, vencido na preliminar, o integrante deverá se pronunciar”, disse Fux.

Marco Aurélio contestou, dizendo que Fux não deveria dizer como ele deve votar. “Só falta essa, vossa excelência querer me ensinar como eu devo votar. Não imaginava que seu autoritarismo chegasse a tanto”, afirmou o ministro. “Só falta vossa excelência querer me peitar para eu modificar o meu voto. O habeas corpus será levado ao colegiado”, disse.

Luiz Fux respondeu ao decano do Supremo, afirmando que ele não tem razões para categorizá-lo como “totalitário”. Para Fux, segundo informações do G1, seria uma “autofagia não defender a imagem da Corte depois que lhe bateram à porta para denunciar que o traficante desse nível pudesse ser solto”, declarou.

E complementou: “Depois, enganando a Justiça, debochando da Justiça, enganando vossa excelência [Marco Aurélio], que determinou que ele cumprisse determinados requisitos, ele deixasse o país. Autofagia seria deixar o STF ao desabrigo”, afirmou Fux. “Que nós tenhamos dissenso, mas nunca discórdia”.

Marco Aurélio contestou, ainda segundo a publicação, dizendo que não se sente enganado pelo traficante. “Reconheço o direito à autodefesa”, afirmou. “E vossa excelência, quando suspendeu a minha decisão, suspendeu de ponta a ponta, inclusive as medidas cautelares.”

 

 

 

 

Fotos: STF

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