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JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA: AS EXPECTATIVAS PARA O 4º TRIMESTRE E PARA 2021 NA BAHIA

Redação - 01/10/2020 09:10 - Atualizado 01/10/2020

A retomada dos negócios em vários segmentos da economia baiana é uma realidade, mas qual a expectativa para o último trimestre de 2020 e o que esperar em 2021? Converso com o Presidente da Federação das  Indústrias do Estado da Bahia, Ricardo Alban, que acompanha a conjuntura de perto e ele faz um diagnóstico preciso do atual estágio da economia: “A expectativa para o 4º trimestre é positiva, especialmente em alguns setores, mas é preciso estar atento para que essa retomada não seja apenas uma bolha que vá murchar em 2021 quando acabar o auxilio emergencial e o impacto do consumo represado”.

As preocupações do presidente da Fieb são pertinentes, afinal a taxa de desemprego permanece alta e em elevação e a retomada não se dá de forma homogênea em todos os setores.  A construção civil, por exemplo, é um dos setores beneficiados pela conjuntura, pois existe disponibilidade de crédito e a taxa de juros é a mais baixa da história. “A taxa Selic está negativa e deve continuar assim por algum tempo, isso faz com que o rendimento do aluguel de 0,5% ao mês, que antes era insignificante, se torne um bom negócio, estimulando o mercado de imóveis”.

Além disso, o auxílio emergencial fez com que uma parcela das classes de renda mais baixa passasse a investir no seu imóvel, “batendo laje” e ampliando a habitação, o que fez os preços das matérias-primas disparar.  Outro segmento beneficiado foi o agronegócio, com o dólar valorizado e a demanda chinesa em alta e isso também resultou em preços mais altos. A retomada é segmentada e há certa desestruturação no mercado, por conta da política econômica, especialmente a cambial. Existe, por parte da indústria, uma grande preocupação  não só com a redução na disponibilidade de insumos, como também com o aumento do custo de produção das empresas: “houve uma maxi desvalorização cambial de mais de 30%, que não foi repassada ao mercado e que está afetando todo o encadeamento produtivo”, diz Alban.

A preocupação é compartilhada por vários setores da economia que veem seus insumos subirem de preços, afinal o petróleo é regido por preços internacionais, o custo de energia de Itaipu também e as matérias-primas aumentam de preço por conta do dólar alto e tudo isso em plena pandemia quando a maioria das empresas não pode repassar o aumento de custo ao mercado. Mas o presidente da Fieb tem uma boa notícia e aposta que o PIB baiano em 2020 vai cair menos que o esperado e ter melhor desempenho do que o PIB do Brasil. Já para 2021, Alban insiste que a bolha do crescimento pode murchar quando não houver mais o auxilio emergencial e que para evitar isso o governo precisa manter a estabilidade política e fiscal, investir em infraestrutura e estimular a geração de emprego.

                                                      PRAIA DO FORTE I

O Prefeito de Mata de São João, Marcelo Oliveira, envia uma longa carta sobre o meu artigo da semana passada. Afirma que o município possui Plano Diretor Urbano e diz que, como queria Klaus Peter (sic), deseja construir uma zona comercial e de serviços na entrada de Praia do Forte. Afirma que a concentração de equipamentos públicos no local –  complexo policial, escola, UPA – é para servir ao  município inteiro “e a toda a população do Litoral, e não apenas a Praia do Forte”. Diz ainda que “o sistema de transporte público urbano converge todo para aquela localidade, a qual concentra a maior oferta de postos de trabalho da região sendo assim, a população que mora nas diversas localidades do seu entorno tem acesso fácil a essas instalações.” Nada diz sobre a liberação para construção condomínios, mas afirma que será construída uma rotatória para resolver o “problema do perigoso cruzamento entre a Linha Verde e os que se dirigem aos condomínios Ilha dos Pássaros e La Laguna”. E, por fim, informa que a supressão da vegetação foi autorizada por órgão do governo estadual.

                                              PRAIA DO FORTE II

A coluna agradece ao Prefeito pelos esclarecimentos, mas lembra que o Plano Diretor de Mata de São João data de 2006/2011 e está completamente defasado. Além disso, continua sem entender a decisão do prefeito de colocar um centro de serviços de grande porte – educação, saúde e segurança –  para atender a toda a população do município de Mata de São João exatamente na entrada do seu balneário turístico e ainda acoplado a grandes condomínios. Não entende porque um balneário deve ser centro do sistema de transporte público. A coluna continua preocupada com o aumento do tráfego e os engarrafamentos no local mesmo com a ampliação da pista e o próprio prefeito reconhece que “a rotatória prevista adquiriu uma dimensão maior do que o pretendido, por exigência da Concessionária Litoral Norte”  (torcemos para que não seja um viaduto). A coluna reitera que Praia do Forte precisa de um novo plano diretor, específico, e reafirma que a ocupação imobiliária é bem vinda, desde que seja preservado o meio-ambiente e o ordenamento urbano. Quanto a Klaus Peter, vamos deixar ele descansar em paz.

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