Os bolsonaristas em Salvador têm adotado uma estratégia de se distanciar do prefeito ACM Neto (DEM) no início da campanha. Um deles é o vereador Alexandre Aleluia. Embora tenha sido eleito em 2016 com apoio do prefeito soteropolitano e integre o DEM, o legislador tem ignorado o gestor municipal nas redes sociais. No primeiro dia de campanha, no último domingo, Aleluia optou por fotos e vídeos em que se associa ao presidente da República. O jingle de campanha de Aleluia ainda faz alusão ao “Aliança pelo Brasil”, partido que Jair Bolsonaro tenta criar depois de deixar o PSL. Apesar de não ser candidato na eleição deste ano, o deputado estadual Capitão Alden (PSL), que se diz bolsonarista, demonstrou também no final de semana que não pretende caminhar com o grupo liderado por ACM Neto.
Alden participou, no último domingo, da carreata do candidato a prefeito Cezar Leite (PRTB). O PSL de Salvador apoia oficialmente o postulante de ACM Neto, Bruno Reis (DEM). Além disso, integra a gestão municipal com o ex-deputado estadual Sidelvan Nóbrega, que comanda a Secretaria Municipal de Trabalho, Esportes e Lazer (Semtel). Sidelvan se filiou ao PSL e assumiu a pasta após acordo costurado entre ex-chefe da Semtel, Alberto Pimentel, ACM Neto e Bruno Reis. Pelo pacto, o ex-parlamentar, que era do PRB (hoje Republicanos) e da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), seria nomeado para a secretaria e ajudaria na campanha de Pimentel, marido da deputada federal Dayane Pimentel (PSL).
Além de Alden, o PSL tem a deputada Talita Oliveira na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), que também se auto rotula como bolsonarista. Ela não é candidata no pleito deste ano, mas apoia o marido Walter Peixoto. Autointitulado bolsonarista, Peixoto não faz nenhuma referência a ACM Neto nas mídias sociais neste início de campanha, embora seja filiado ao Democracia Cristã – sigla que está na coligação de Bruno Reis. Mesmo após o presidente da República afirmar publicamente que não pretende apoiar nenhum candidato no primeiro turno da eleição deste ano, Leite tem dito que é o candidato que representa as bandeiras de Bolsonaro. O bolsonarismo na Bahia rachou depois que a deputada federal Dayane Pimentel rompeu com o chefe do Palácio do Planalto. Hoje, em Salvador, há no mínimo duas alas. Uma liderada pelo vereador Alexandre Aleluia, e a outra por Cezar Leite. Os dois trocaram farpas por causa dos votos bolsonaristas.
No último domingo, nas redes sociais, Aleluia voltou a atacar Leite. “Tem mais um moleque candidato do MBL-PRTB-Da Luz de Salvador dando chilique dizendo que eu ‘ser conservador’ é ‘estratégia’. Vai correr atrás de voto e sai do YouTube, seu moleque covarde!”, disse. Leite, que já integrou a base de ACM Neto, tem sido um dos maiores opositores ao mandatário do Executivo soteropolitano. Tem feito principalmente críticas à conduta do prefeito na pandemia, apesar de ACM Neto seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para atenuar a disseminação do coronavírus na capital baiana. Leite aposta nos insatisfeitos com a postura do chefe do Palácio Thomé de Souza na crise sanitária – por causa de fechamento do comércio e outras medidas restritivas – para crescer nas pesquisas eleitorais. Em recente entrevista à Tribuna, afirmou que Neto não “sabe responder a pressão” e age “de forma autoritária, sem nenhum tipo de critério”.
Foto: divulgação