O sonho de o Brasil ter um grande impulso na retomada da economia em 2021 a partir da reforma tributária pode ter sido interrompido com a sinalização do governo de que não pretende acelerar a discussão do tema até as eleições municipais. Marcada para ontem (28.09), a última audiência pública remota da Comissão Especial do Congresso que trata do tema foi cancelada, sem que uma nova data tenha sido marcada. O relator da reforma, deputado Aguinaldo Ribeiro, apresentaria seu texto em breve, mas agora não há previsão.
O economista Luiz Carlos Hauly, autor do texto que originou a PEC 110 do Senado para a reforma tributária, avalia que o Brasil perde ao menos R$ 19 trilhões com a manutenção do atual sistema: R$ 5 trilhões de renúncias fiscais (7% do PIB ao ano); R$ 6 trilhões de sonegação (7,5%); custos de burocracia equivalentes a R$ 720 bilhões (1%); e ainda a inadimplência mais contencioso de impostos, que somam outros R$ 7,9 trilhões. Para ele, o Brasil poderia crescer pelo menos 5% em 2021 com a reforma aprovada. Sem a reforma, as perspectivas de crescimento serão reduzidas a índices inferiores a 1%.
“É um retrocesso enorme abandonarmos a discussão sobre a reforma tributária nesse momento, com um prejuízo econômico que será sentido por muitos anos”, afirma Hauly, autor do livro “Não dá mais para postergar”, ao lado do engenheiro Miguel Abuhab, também defensor da aceleração da reforma.
Foto: divulgação
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