A pressão de consumidores e investidores por uma agenda mais sustentável já pode ser sentida no mercado de trabalho. Cresce entre as empresas o interesse por profissionais que atuam com processos e tecnologias que, direta ou indiretamente, reduzem os impactos ambientais e contribuem para a pauta da sustentabilidade corporativa.
Na opinião de especialistas, esse movimento, que já é relevante, deve explodir nos próximos dez anos. Um relatório da OIT, agência que pertence à Organização das Nações Unidas, aponta que o setor deve gerar 15 milhões de empregos na América Latina até 2030, a maior parte dos postos aqui no Brasil, por representar a principal economia da região.
A pedido do Estadão, o Escritório de Carreiras da USP (ECar) mapeou 11 profissões que devem ser mais impactadas pela economia verde. O levantamento mostra que, ao contrário do passado, quando se esperava que a sustentabilidade exigiria a formação de novas profissões, hoje as fichas dos recrutadores recaem sobre ocupações tradicionais, como engenharia, física, geografia, arquitetura, química e psicologia.
O que agora faz a diferença são especializações estratégicas dentro dessas áreas, voltadas tanto para a adoção de uma economia verde por parte das empresas quanto para a conscientização dos demais profissionais envolvidos ao longo da cadeia de transformação. Assim, ganha destaque o engenheiro especializado em projetar cidades inteligentes e transportes menos poluentes, o físico que atua em energia limpa ou o geógrafo capaz de dimensionar impactos ambientais e climáticos.
“Não se pode imaginar um futuro na economia sem modificações nas relações entre o homem e o ambiente. No passado já existia essa questão, mas agora ela ficou urgente. E os profissionais que se especializam nisso terão todo um espaço para avançar”, diz Tania Casado, professora titular da FEA-USP e diretora do ECar, responsável pelo levantamento.
O mapeamento contou com a participação de professores e diretores da USP. Por fim, passou pela chancela da empresa de consultoria em recrutamento e seleção Robert Half. Os headhunters avaliaram quais as profissões da lista da USP já são demandadas pelas principais empresas no País. E quais são ainda apostas para o futuro.
No âmbito das profissões que devem crescer, mas ainda não entraram no radar corporativo, está a de psicologia ambiental. A especialidade dedica-se ao comportamento humano e sua inter-relação com o ambiente. “Esse profissional pode ajudar muito a mitigar impactos de grandes obras ou trabalhar com incorporadoras na definição dos projetos, por exemplo”, diz o professor de psicologia ambiental do Instituto de Psicologia da USP, Gustavo Massola. Ele reconhece que o mercado de trabalho ainda é restrito, mas aposta que as ofertas virão, na medida que se formam novos profissionais. Hoje, a USP prepara apenas entre quatro e cinco profissionais por ano para trabalhar no setor.
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