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GUEDES CHAMA DE BARULHEIRA AS DISCORDÂNCIAS ENTRE BOLSONARO E EQUIPE ECONÔMICA

Redação - 15/09/2020 14:40 - Atualizado 15/09/2020

O ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou de “barulheira” as discordâncias entre o presidente Jair Bolsonaro e integrantes da equipe econômica sobre meios de financiar o programa social Renda Brasil. O ministro também afirmou que não foi endereçado para ele o “cartão vermelho” citado pelo presidente. Mais cedo nesta terça-feira (15), Bolsonaro disse que “está proibido” se falar no Renda Brasil dentro do governo. O programa chegou a ser discutido como um substituto do Bolsa Família. No entanto, propostas de equipe econômica sobre cortes de gastos para financiar o Renda Brasil não agradaram o presidente. Bolsonaro disse que o Bolsa Família vai continuar.

O presidente também criticou tentativas de buscar receitas para o Renda Brasil a partir do congelamento de aposentadorias e pensões. Em entrevista ao G1 no domingo (13), o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que essas medidas eram avaliadas pela equipe econômica. Outra alternativa era reduzir o valor do seguro desemprego. Bolsonaro chamou as medidas de “devaneio” e disse que daria um “cartão vermelho” a quem lhe apresentasse essas propostas. Guedes falou sobre a situação em uma videoconferência sobre reformas e o futuro da economia brasileira após a pandemia. “Hoje [terça-feira] teve essa barulheira toda. Estamos fazendo conexões de pontos que não estão conectados. São estudos que fazemos, estamos assessorando. Varias simulações e estudos são feitos. Tratamento seletivo da informação distorce tudo”, afirmou Guedes.

“Como todos jornais deram isso hoje, que o presidente vai tirar dinheiro dos idosos, frágeis e vulneráveis para passar aos paupérrimos, o presidente repetiu o que tinha dito antes. E levantou um cartão vermelho, que não foi para mim. Conversei com o presidente hoje cedo. Lamentei muito essa interpretação”, continuou o ministro. Em sua fala, Guedes lembrou que o Renda Brasil aproveitaria a experiência do auxílio emergencial para continuar fazendo pagamentos a pessoas vulneráveis socialmente acima do valor do Bolsa Família. O auxílio, criado para ajudar trabalhadores durante a pandemia, será pago até o fim do ano.

O ministro disse que o governo estuda maneiras de fazer uma “aterrisagem” após o fim do auxílio emergencial. O termo se refere à necessidade de setores mais vulneráveis continuarem recebendo alguma ajuda pública. Ele defendeu medidas de desindexação, com as quais o governo poderia fazer que benefícios atualmente pagos não sejam corrigidos, por exemplo, pelo salário mínimo. Para Guedes, a desindexação deveria ser geral e é uma “ilação” dizer que atingiria somente os benefícios para os mais pobres.

“Se desindexarmos todos os gastos do governo, há uma parte que pega os mais vulneráveis, idosos, BPC [Benefício de Prestação Continuada]. Fala assim, ‘o governo está tirando dos idosos e mais frágeis para fazer o Renda Brasil’. Isso é uma ilação. Não é isso que está no pacto federativo, era uma desindexação de todos os gastos , não dos mais pobres”, disse o ministro. O ministro confirmou o fim dos planos para retirar o Renda Brasil, relembrando a orientação do presidente Bolsonaro de não retirar dinheiro dos pobres para dar aos paupérrimos. “Já que continuam dizendo que continuo querendo tirar dinheiro dos pobres, para o Renda Brasil, vou deixar claro: ‘não vou fazer isso'”, disse ele, citando Bolsonaro.

“E aí [o presidente] descredenciou a ideia do Renda Brasil. Não vai ter isso. Acabou. Estão distorcendo tudo. Estão acusando o presidente de demagogia, de tirar dinheiro do pobre para dar pro mais pobre ainda. Consolidação de programas sociais já aconteceu no passado. Para os mais desfavorecidos. Já que começou uma notícia que não é o que está na cabeça politicamente do presidente. Se estão interpretando assim, não tem isso”, acrescentou o ministro.

Foto: divulgação

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