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TÍTULO VERDE MOVIMENTA US$ 8,1 BILHÕES NO BRASIL

Redação - 11/09/2020 10:15 - Atualizado 11/09/2020

Em um momento em que aumenta a demanda global por investimentos em “causas verdes” o Brasil soma 50 emissões sustentáveis e verdes no mercado de valores mobiliários, totalizando captação de US$ 8,1 bilhões. Ao emitir esses papéis, as empresas se comprometem a investir em projetos que gerem impacto ambiental positivo. A maioria está atrelada à exploração de florestas (38%) e  à geração de energia renovável (24%).

Esses dados fazem parte de um levantamento feito pela empresa de soluções financeiras para impacto socioambiental Sitawi e compreende o período de maio de 2015 – quando a BRF lançou o primeiro título verde para investir em projetos de ecoeficiência – até a última captação de recursos, feita em agosto, pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA).

Embora a maior parte da captação tenha finalidade de manter os projetos das próprias empresas em andamento, já há iniciativas, como a do Banco Votorantim, que buscam atingir consumidores em geral, por exemplo, com o financiamento para compra de sistemas de energia solar. O mercado internacional é o mais procurado, segundo a Sitawi, para a captação de recursos para projetos verdes: 69% dos papéis nacionais foram emitidos no exterior, e o instrumento mais utilizado foram as “global notes”, que representam 57% da carteira em volume negociado. O segundo instrumento mais utilizado foram as debêntures de infraestrutura, com 22%, mas estas foram todas vendidas no mercado de valores mobiliários nacional.

Integrantes do Laboratório de Inovação Financeira (LAB) acreditam que é preciso preparar o ambiente regulatório no Brasil para atrair investidores privados para diversos tipos de empreendimentos, incluindo os ambientais, já que, para eles, será impossível que todo o recurso venha do governo, cada vez mais enroscado com a questão fiscal. O LAB foi criado para promover as finanças sustentáveis no País e é composto pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

“Temos feito um trabalho adicional com o CBI (Climate Bonds Iniciative) e o Ministério da Economia para mapear projetos federais que poderiam capturar financiamento (verde). Poder diversificar esse selo e converter o Brasil em líder na região é uma possibilidade bem interessante”, disse Morgan Doyle, representante do BID no Brasil. Até 2030, seria possível transformar esses US$ 8,1 bilhões em trilhão, pois o País se comprometeu, no Acordo de Paris, a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005. Segundo cálculos do Banco Mundial, isso vai requerer investimentos de US$ 1,3 trilhão para que o Brasil aumente sua participação em bioenergia sustentáveL, restaure e refloreste 12 milhões de hectares na Amazônia e melhore sua infraestrutura.

A emissão de títulos verdes segue os mesmos ritos das de um título tradicional –  desde a identificação de investidores, passando pela estruturação até ser colocado à venda no mercado – , apenas com um adicional: é preciso que um agente externo emita uma segunda opinião, atestando que o projeto de fato tem impacto ambiental positivo. A Sitawi emitiu a segunda opinião de mais da metade dos títulos verdes no mercado, e o diretor de finanças sustentáveis da empresa, Gustavo Pimentel, disse que tem atualmente 10 mandatos em avaliação, com total de emissões de R$ 5 bilhões previstos ainda para este ano.

Segundo a especialista em finanças do BID, Maria Netto, o mercado de valores mobiliários ainda não tem indicadores padronizados que demonstrem o desempenho dos títulos verdes em relação a seus pares tradicionais. “As Bolsas de Valores estão considerando possíveis índices de classificação de títulos verdes. Estamos tratando do tema com a Nasdaq, em Nova York, e com a LuxSe, de Luxemburgo, por exemplo. A B3 vem trabalhando conosco em uma plataforma de transparência para tentar ver como os usos de recursos dos títulos têm impacto verde.”

Veja alguns dos títulos verdes emitidos no País e os projetos sustentáveis financiados por eles:

Foto: divulgação

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