Secretário da Fazenda do governo Rui Costa, Manoel Vitório estima que o Estado gaste mais de R$ 1 bilhão no combate ao coronavírus. “O gasto total com Covid-19 deve ir pra casa de um R$ 1 bilhão. Mais da metade do que se gastou hoje foi do tesouro. Não poderíamos esperar os repasses federais. É um planejamento que precisa ser renovado sempre. No caso da covid, olhamos a partir do ano passado, os mercados começaram a dar sinalização antes do tamanho do problema. Em fevereiro, o governador fez uma reunião com os Poderes e me pediu uma exposição para falar das ações preventivas. Isso se mostrou necessário para a gente superar esse momento agora”, afirmou, a Rádio Metrópole.
Vitório disse ainda que a arrecadação de impostos tem se recuperado mês após mês, mas ainda não alcança a dotação do ano de 2019. “A queda veio gradual. Estamos trabalhando agora… está melhorando, mas para a gente alcançar 2019. Meu custeio é 2020. Chegou a cair 30% e mês a mês está recuperando. Esse mês de julho não batemos o que arrecadamos no ano passado, mas quase chegamos. A perda total, que a gente teve nos últimos 3 meses, foi de R$ 1,5 bilhão em relação a 2019”, calculou.
Com a queda de arrecadação e crescimento de gastos na saúde, com a pandemia, Manoel Vitório ressaltou o trabalho que tem feito para diminuir o custeio de pastas da “área meio”. “Criamos uma secretaria de qualificação de gasto público. Quando o secretário vem pra mim, ele vinha com as reivindicações e eu apresentava uma série de medidas para melhorar a gestão e o gasto público. A Fazenda ganhou muito em termo de performance. Quando cheguei, você tinha ações de fiscalização muito presenciais, substituímos por batimentos, ganhamos em produtividade e diminuímos nosso custo. As áreas finalísticas, como segurança, saúde, educação, embora ganhem performance, a necessidade agora de mais investimentos, precisamos de mais recursos”, apontou.
Líder de uma das áreas mais difíceis da administração pública, Vitório brincou e disse dormir “como um bebê”: “Acordo de três em três horas e choro muito”. “Infelizmente ultimamente temos dificuldade no Brasil de trabalhar com planejamento de médio e longo prazo. Com a pandemia, ficou mais difícil. Eu fiz amizade com um representante de um executivo do governo canadense, ele começou a me perguntar o que me fazia perder o sono. Eu disse a ele que eu dormia como um bebê, acordava a cada 3h e chorava pra caramba. Eu tenho me feito essa pergunta todo dia e toda noite. Qual o prognóstico para 2021? estamos vendo uma recuperação para patamares de 2019. É insatisfatório. O Congresso aprovou e tivemos uma ajuda para os Estados, é pequena, não cobre tudo, mas talvez 2021 seja ainda mais desafiador. Eu não acredito muito em ajuda nenhuma, mas não sabemos o patamar de arrecadação. Estamos revendo sempre nossas despesas, programando mais o combate ao crime contra a ordem tributária”, indicou.
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