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INADIMPLÊNCIA DAS FAMÍLIAS É A MAIOR DOS ÚLTIMOS SETE ANOS EM SALVADOR, DIZ FECOMÉRCIO-BA

Redação - 30/07/2020 13:00 - Atualizado 30/07/2020

Em julho, o endividamento das famílias em Salvador registrou 65,6% diante dos 64,1% do mês anterior, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Fecomércio-BA. A inadimplência atingiu o maior patamar dos últimos setes anos, ao passar de 28,7% em junho para a taxa de 30,2% em julho. Ou seja, três a cada dez famílias não conseguiram pagar a dívida até a data do seu vencimento. Isso significa que 608,2 mil famílias na capital baiana têm algum tipo de dívida, 168 mil a mais do que no início da pandemia no mês de março.

“O aumento do endividamento em condições normais é saudável, quando as famílias possuem renda para quitar os compromissos. Porém, não está sendo o caso atual. São 280 mil famílias na capital nesta situação, um aumento de 125 mil em apenas quatro meses”, explica o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

O economista pontua ainda que o percentual daqueles que já dizem que não terão condições de pagar a dívida em atraso, subiu para 13,6%, maior percentual apurado desde junho de 2012. Atualmente, são 126 mil famílias nessa situação mais crítica. A pesquisa mostra que o tipo de dívida mais frequente continua sendo o cartão de crédito com 92,7%. Apesar do histórico da taxa ser bastante elevado, o atual percentual se situa próximo da máxima histórica de 95,8%, vistos em janeiro deste ano.

A modalidade tem uma das mais altas taxas de juros do mercado, de 244% ao ano, segundo o Banco Central. A Fecomércio-BA orienta os consumidores a tentarem renegociar dívidas no cartão ou cheque especial para uma modalidade mais em conta como o crédito pessoal ou o consignado que tem juros próximos a 25% ao ano. Para Guilherme Dietze, outro dado que preocupa na pesquisa é que o percentual da renda comprometida com a dívida chegou aos 38,1%, maior relação desde 2012. É considerado como saudável o percentual próximo a 30%. “Mesmo com uma melhora gradual no mercado de trabalho, as famílias ainda estarão com a corda no pescoço, tendo que renegociar débitos anteriores, para abrir a sua capacidade de consumo no futuro”.

Quando se avaliam os dados por faixa de renda, a situação é mais danosa para aqueles que ganham até 10 salários mínimos. Para esse grupo, a inadimplência foi de 34,3%, enquanto que para os que ganham mais de 10 salários, a taxa foi de apenas 1,8%. Com a crise, as famílias com renda mais elevada têm condições de equilibrar mais fácil o orçamento, pois em grande parte são investidores com recursos em renda fixa ou variável e que podem se desfazer de alguma operação para liquidar alguma preocupação financeira.

“Por mais que já esteja ocorrendo uma reabertura gradual do comércio e shoppings centers, o cenário ainda é de muita limitação de consumo por parte das famílias. Se não fossem os R$ 600,00 de auxílio emergencial, a situação, certamente, estaria pior. Pode haver um aumento do movimento no comércio, sobretudo, o popular, por alguns motivos: demanda reprimida, utilização do auxílio emergencial e com a falta de emprego, muitos estão comprando produtos para tentar fazer algum negócio e sobreviver à crise”, avalia o economista Guilherme Dietze.

Emprego

Os dados de emprego divulgados na terça-feira (29/07) pelo Ministério da Economia confirmam esse quadro delicado das famílias baianas. Em junho, houve fechamento de 2,5 mil vagas formais no Estado. Quem registrou o pior saldo foi o comércio com -1,14 mil vagas. Apesar de o número geral ter sido ainda negativo, o ritmo de fechamento de empregos com carteira assinada é o menor desde março, início da pandemia. O pior momento foi abril com saldo de -35,4 mil empregos formais, e o acumulado de março a junho foi de -71 mil, sendo -20 mil só do comércio.

“É compreensível que grande parte das demissões que tinham que ocorrer por conta da pandemia, já aconteceram. Porém, não quer dizer que daqui para frente haja uma retomada de empregos. O comércio deve trabalhar com o quadro de empregados possível para o momento e só quando houver uma expectativa de retomada mais forte e estável da economia, é que serão feitos os investimentos em contratações e aquisição de equipamentos”, conclui o economista. O cenário atual sem uma vacina ou medicamento para o coronavírus, com alta taxa de ocupação dos leitos de UTIs, mantém os empresários cautelosos para qualquer comprometimento de longo prazo.

Foto: divulgação

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