O Sindicato dos Comerciários de Salvador informou que, desde o mês de junho, lojistas do Shopping Paralela vem sendo despejados e pelo menos 40 lojas estão sem funcionar , desde março. Cada loja fechada, segundo a entidade, representa uma média de oito empregos perdidos para os comerciários.
Segundo informações do jornal Correio, o Paralela negou que os despejos tenham ocorrido durante a pandemia. “A Saphyr Shopping Centers, administradora do Shopping Paralela continua com seu propósito de buscar soluções que visem a manutenção do negócio e a perenidade dos parceiros, realizando ações que minimizem o impacto causado pela pandemia. Dessa forma, realizou alterações significativas nos boletos desde o momento inicial”, completa a nota.
O shopping alega ainda uma comunicação constante com cada lojista para negociações e apoio nesta retomada. “Ciente de que estar próximo dos lojistas nesse momento é primordial, o time administrativo tem acompanhado de perto todos eles, tratando cada negociação de forma individual, entendendo as particularidades e necessidades de cada operação”, diz o texto. No Tribunal de Justiça da Bahia, no entanto, é possível encontrar mais de quinze ações de despejo por falta de pagamento movidas pelo Consórcio Empreendedor Shopping Paralela. Questionado, o centro comercial informou que todas as ações em curso foram iniciadas antes da pandemia.
Do outro lado, quem representa os comerciários, alega que a relação com a administração do Shopping vem sendo díficil desde antes da suspensão das atividades e que possíveis inadimplementos acabaram sendo inevitáveis diante de um esvaziamento do centro comercial. “A relação dos lojistas com o shopping tem sido de atrito. Já tem uma relação conflituosa com o Paralela desde antes. Desde que houveram problemas na obra realizada no ano passado, para entrada de uma faculdade lá, várias coisas foram acontecendo, rachadura em estacionamento, vários problemas e isso foi gerando um esvaziamento do shopping, o consumidor não ia. Aí acaba ficando muito difícil o lojista arcar com os custos que o shopping impunha. Na pandemia, o pagamento do aluguel só foi suspenso por decisão judicial, mas o shopping nunca apareceu para negociar com os lojistas”, relata o diretor jurídico do Sindicato dos Comerciários, Alfredo Santiago.
A obra citada pelo sindicato foi, segundo lojistas, finalizada em março de 2019 e gerou de fato uma diminuição no número de clientes. “A obra que foi realizada no ano passado prejudicou muito o shopping. Aconteceram vários problemas, não foi planejada, e isso deixou uma imagem de que o shopping ia cair, que estacionamento estava rachando, acabou espantando clientes, gerou um clima de medo e insegurança, e fragilizou muito vários lojistas. As vendas já caíram muito e óbvio que o fluxo de caixa dos lojistas caiu, por conta desse desgaste na imagem do shopping. Isso já gerou inadimplência de alguns lojistas mesmo antes”, disse sem se identificar um dos lojistas atingidos pelo despejo.
Foto: Nara Gentil/Correio