O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da Fecomércio-BA, atingiu em julho o mais novo recorde negativo da série, iniciada em 2010, com 60,8 pontos, queda de 6% na comparação com junho. Desde março, quando começou a pandemia, o indicador acumula queda de 41,1%.
O consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, afirma que o item Perspectiva Profissional, representou a maior queda no mês com um valor de 11%, ao passar de 71,3 pontos em junho para os atuais 63,4 pontos.
“Esta é a terceira queda consecutiva e o item retraiu 51% nesse período. As famílias também estão ficando mais inseguras em relação à atual posição de trabalho. O item Emprego Atual caiu 9% e atinge os 73,7 pontos” esclarece o consultor.
Guilherme Dietze aponta que o auxílio emergencial e algumas medidas do Governo para minimizar os impactos da crise na economia não foram suficientes para aumentar o nível de satisfação sobre a renda. O item Renda Atual registrou 69,5 pontos, queda mensal de 6,2%.
A consequência da deterioração da avaliação do emprego, da renda e do crédito, é a redução de consumo. Apesar da ligeira alta de 1,7% em julho, o item Nível de Consumo Atual está com 52,6 pontos, ou seja, num patamar elevado de insatisfação. Da mesma forma que o item Perspectiva de Consumo que apontou leve queda de 0,7% e se situa nos 61,1 pontos.
O que chama a atenção de forma mais negativa no ICF é o item Momento para Duráveis. Entre junho e julho houve aumento de 4,8% e a pontuação foi de 23,4 pontos. Isso significa que nove a cada dez famílias em Salvador consideram um mau momento para compra de produtos de valor mais elevado e que, normalmente, são adquiridos através de crédito e a longo prazo como geladeira, fogão, televisor etc.
“As famílias que ganham até dez salários mínimos são as mais inseguras nesse momento. Sem a segurança no emprego e na renda, há o receio de se comprometer com qualquer tipo de dívida, por mais que o comércio destes produtos esteja realizando promoções e liquidações. O índice para esse grupo chegou aos 58,8 pontos, queda de 6,2% em relação a junho”, afirma Dietze.
No geral, a redução no ritmo de queda em relação a abril e maio, sinaliza que o indicador tenha chegado ao seu pior nível desde a crise e que pode voltar a se recuperar gradativamente nos próximos meses. “Há mais clareza sobre as ações de combate a pandemia, mesmo com muita restrição à abertura do comércio e serviços. Assim, a melhora do ânimo dos consumidores – ou redução do pessimismo – deve vir primeiro das expectativas e posteriormente das avaliações sobre as questões do momento, do dia a dia” pontua o consultor econômico da Fecomércio-BA.
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