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REDUÇÃO DO DESMATAMENTO PREVINE PANDEMIAS, DIZ SCIENCE

Redação - 25/07/2020 10:00 - Atualizado 25/07/2020

Um estudo publicado na revista “Science” mostra que o investimento em preservação do meio ambiente, como a redução do desmatamento e do tráfico de animais, pode prevenir o surgimento de novos surtos virais em humanos. Além disso, o gasto financeiro com essas medidas é menor do que o que está sendo pago economicamente e socialmente durante a pandemia da Covid-19.

“Como o financiamento público em resposta à Covid-19 continua subindo, nossa análise sugere que os custos associados a esses esforços preventivos de proteção ao meio ambiente seriam substancialmente inferiores aos gastos econômicos e de mortalidade para responder aos patógenos toda vez que eles surgirem”, dizem os autores no artigo publicado nesta sexta-feira (24).

De acordo com o levantamento do grupo, o custo para preservar o ambiente no planeta seria de 22 bilhões de dólares, um valor considerado elevado, mas ainda menor do que os 2,6 trilhões de dólares que já foram perdidos no combate à Covid-19. É importante levar em conta que mais de 600 mil pessoas morreram devido à doença, além dos valores financeiros.

Os vírus mais recentes que atingiram o planeta nas últimas décadas, como Sars CoV-2, HIV, Ebola, entre outros, passaram de hospedeiros para os humanos e tiveram uma relação próxima entre as pessoas e os animais silvestres, como morcegos e primatas. Os autores argumentam que a redução do desmatamento é fundamental para evitar este ciclo, já que os locais onde 25% da vegetação original foi perdida tendem a ser focos de transmissões virais.

Os morcegos, prováveis reservatórios do Ebola e também do Sars CoV-2, vão atrás de povoados quando o habitat florestal é perturbado para a construção de estradas, extração de madeira e outras atividades humanas, alerta a pesquisa.

“A relação entre desmatamento e tráfico de animais silvestres e o surgimento de doenças emergentes é muito bem estabelecida. Mesmo assim, ações ambientais estão essencialmente fora da agenda de prevenção de pandemias. A boa notícia é que investir entre 22 e 31 bilhões de dólares por ano em programas para monitorar e reduzir essas atividades pode diminuir substancialmente as chances de algo como a Covid-19 acontecer novamente”, disse Mariana Vale, única brasileira a participar do estudo, professora do Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Além da cientista brasileira, assinam também pesquisadores de Harvard, Duke, Princeton, Rice, George Mason, Boston, Illinois, Wisconsin-Madison (EUA) e Duke Kunshan (China), além de organizações sem fins lucrativos, como a Conservation International, o Instituto Earth Innovation, a EcoHealth Alliance, o Safina Center e, ainda, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF do Quênia).

Foto: divulgação

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