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POR QUE CARROS FERRARIS SÃO ABANDONADOS EM DUBAI?

Redação - 18/07/2020 08:00 - Atualizado 18/07/2020

 

Quando você imagina um ferro velho, deve pensar em carros despedaçados e peças aleatórias em um amplo espaço. Mas, se for a um ferro velho de Dubai, é possível que essa imagem mude na sua cabeça. Modelos de luxo, que são vendidos por até R$ 2,8 milhões, estão cobertos de poeira nesses depósitos de “sucatas”.

Um ano atrás, uma empresa britânica chegou a oferecer um salário de até R$ 140 mil reais para quem quisesse resgatar esses veículos. Era preciso encontrar os antigos donos e negociar o valor para, assim, poder tomar posse do carro.

Isso era difícil, já que, muitas vezes, os donos acabavam vindo à falência e fugiam do país. Dubai é conhecida por ser uma “cidade ostentação”, com prédios arranha-céus e, evidentemente, carros de luxo de última geração. Mas uma grave crise assolou os Emirados Árabes entre 2012 e 2018, o que gerou uma quebra generalizada em empresas e pessoas.

O professor da FGV, Fábio Gallo, que orientou uma tese de doutorado sobre esquemas de finanças islâmicas, explicou como funciona o sistema de crédito, que não usa juros para se manter.  (Foto: Reprodução internet )

“As pessoas tomam os empréstimos e pagam. Ponto. Elas estão tomando esse empréstimo em nome de Alá, em nome de Deus. Então elas precisam pagar. Uma cidade-estado como Dubai tem uma lei muito pragmática em cima disso: se você toma um empréstimo e não pagou por qualquer motivo, quem te deu esse dinheiro telefona para a polícia e ela te põe na cadeia”, afirma ele.

 

Segundo o professor, Dubai é uma cidade muito desigual, com uma renda per capita em torno de 40 mil dólares para seus pouco mais de 10 milhões de habitantes. Mas a pequena elite, que ganha seu sustento dos poços de petróleo, é quem sustena esse mercado de luxo.

 

Um exemplo dos carros de luxo usados, vendido pela empresa Alibaba, gigante do e-commerce na Ásia (Foto: Site Alibaba)

UM EXEMPLO DOS CARROS DE LUXO USADOS, VENDIDO PELA EMPRESA ALIBABA, GIGANTE DO E-COMMERCE NA ÁSIA (FOTO: SITE ALIBABA)

Como os carros populares são, em média, mais caros do que em outros países, quem possui dinheiro opta por um modelo de luxo. “Muita gente que vai tentar a vida lá, empresários, empreendedores, chegam e compram esses carros de luxo para pagar em dois ou três anos, sem juros. O problema é que não necessariamente eles têm a mesma fortuna das famílias árabes”, comenta Fábio.

 

Assim, quando o compromisso não é honrado e a cadeia é iminente, só resta uma opção: essas pessoas pegam o primeiro voo para deixar o país e deixam o carro no aeroporto. Depois de algum tempo parado, o veículo vai a leilão (e aí entram os caçadores de carrões citados).

 

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