Os pré-candidatos a prefeito de Salvador e à Câmara de Vereadores começam a se movimentar mesmo durante a pandemia do novo coronavírus. Com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 18/2020, que determina o adiamento das eleições municipais, agora está definido e o horizonte é mais palpável. Os postulantes precisam acelerar o passo para o pleito do dia 15 de novembro.
O governador Rui Costa (PT), por exemplo, convidou a secretária de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Fabya Reis, para coordenar a campanha da Major Denice Santiago à Prefeitura de Salvador. Ela chegou a ser pré-candidata do PT ao Palácio Thomé de Souza, mas recuou após a ex-comandante da Ronda Maria da Penha ser apadrinhada pela cúpula petista. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da postulante confirma a informação. Denice deverá fazer uma campanha focada no debate, já que defende o isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus. Ela tem feito lives quase que diárias com grandes caciques da política e deve explorar bem a exposição que terá na TV.
Já o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), afirma desde janeiro que o presidente da Câmara Municipal, Geraldo Júnior (SD), fará parte da coordenação política da campanha de Bruno Reis (DEM), pré-candidato do grupo a prefeito da capital baiana. Ele, por sua vez, tem dado declarações na imprensa no sentido de que ainda está no páreo para ser o vice na chapa carlista. A agenda de Bruno se resume a aparecer ao lado de Neto em inaugurações pela cidade, evitando polarizar com o PT e os demais candidatos. O candidato vem sendo apresentado como a continuidade da atual gestão, bem avaliada junto ao eleitorado.
Todos os prazos eleitorais previstos para o mês de julho foram prorrogados por 42 dias, proporcionalmente ao adiamento da votação. Assim, as convenções partidárias para a escolha de candidatos, que aconteceriam de 20 de julho a 5 de agosto, serão realizadas no período de 31 de agosto a 16 de setembro. Os partidos políticos poderão realizar suas convenções em formato virtual para a escolha de candidatos e formação de coligações majoritárias, bem como para a definição dos critérios de distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).
Buscando a reeleição
Os pré-candidatos a vereador parecem ter esquecido o coronavírus e estão indo a campo buscar votos. A campanha vai de distribuição de cestas básicas até de caixas d’água. Muitos também estão acompanhando Bruno Reis em inaugurações na cidade, dando demonstrações de força. Os vereadores de oposição, por outro lado, reclamam. Por não terem a máquina na mão e defenderem o isolamento social, não estão conseguindo fazer uma campanha mais intensiva nas comunidades.
“A campanha nas ruas será muito pequena. Vai ficar no âmbito nas redes sociais. Quem está indo às ruas é quem está com a máquina na mão para poder distribuir cesta básica, máscara com nome de vereador, distribuir alguma coisa muito importante. […] O clientelismo e o assistencialismo de quem tem a máquina está fazendo muita diferença”, avalia um assessor parlamentar, em condição de anonimato, à Tribuna. “Eu avalio que isso é muito prejudicial para a esquerda. A esquerda não está com a máquina na mão. Então, a estratégia vai ser o debate, a discussão, o ligar via telefone de casa em casa… Ou ir à casa, com todas as proteções, mas não vai dar para ser como antes”, completa. Outros vereadores preferem não se expor, mas continuam agindo nos bastidores enviando assessores para fazer o corpo-a-corpo junto aos líderes comunitários.(TB)
Foto: divulgação