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COVID-19: TRÊS PERGUNTAS QUE GOVERNADOR RUI COSTA E O PREFEITO ACM NETO PRECISAM RESPONDER

Redação - 06/07/2020 08:40 - Atualizado 06/07/2020

O governador Rui Costa e o Prefeito ACM Neto estão atuando em conjunto no enfrentamento a Covid-19 e essa convivência pacifica entre dois líderes que são adversários políticos tem sido exemplo para o país. Mas, apesar disso, são muitos os questionamentos a que ambos precisam responder no que se refere à forma como está se dando o enfrentamento da Covid-19. O portal Bahia Econômica listou entre os e-mail que vem recebendo, as três dúvidas mais recorrentes entre especialistas e o público em geral.

  1. A ESCASSEZ DE TESTES: Desde o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde afirma que é fundamental a testagem da população. Apesar disso,  tanto o governo do Estado quanto a Prefeitura de Salvador estão entre os locais que menos testam no país, proporcionalmente à sua população. A Bahia está nos últimos lugares no ranking de testes por 100 mil habitantes (veja aqui) e, no mesmo indicador, Salvador testa muito menos do que outros estados do Nordeste. Por que então não destinar mais recursos para a compra de testes?
  1. A DISTORÇÃO NO NÚMERO DE CASOS: O acompanhamento diário no número de casos da Covid-19 é fundamental para estabelecer se o Estado chegou ao pico da pandemia e se o chamado platô foi alcançado. Esse indicador fundamental está sendo distorcido nas estatísticas da Secretaria de Saúde do Estado que há duas semanas inclui casos antigos, alguns de 30 dias atrás, nas estatísticas diárias, fazendo com que o número de casos dê saltos de até 100% entre uma semana epidemiológica e outra. (veja aqui). Essa manipulação estatística está tornando o indicador inútil para efeito de planejamento e estabelecimento de políticas públicas.  Sem testes e sem acompanhamento real do número de casos, tanto a prefeitura quanto o estado baseiam seu planejamento exclusivamente na taxa de ocupação das UTIs, o que pode trazer distorções. Donde surge a pergunta: como  Salvador recebe e continuará recebendo pacientes de todo o estado, já que a maioria dos munícipios da RMS e de outras regiões não tem UTIs,  a capital estará condenada a ficar em isolamento mesmo quando casos e mortes começarem a cair?
  2. O CURIOSO ISOLAMENTO SOCIAL: Quem entra no Supermercado Extra, nas Lojas Americanas ou nas lojas Ferreira Costa depara-se com enormes filas, estacionamentos lotados e grande aglomeração. Esse tipo de estabelecimento não vende apenas produtos essenciais, mas todo tipo de produto e estão lotados porque tornaram-se os novos shoppings da cidade. Por outro lado, quem passa em Pernambués, no Mercado do Rio Vermelho, na Feira de São Joaquim e em dezenas de bairros da periferia vai ver o comércio funcionando quase que normalmente, a não ser nas semanas de restrição determinadas pela prefeitura. Outras aglomerações de trânsito e de movimentação de pessoas são as obras públicas que permanecem em andamento acelerado. Tudo isso leva a uma indagação: quais os efetivos critérios do isolamento social?

Essas 3 perguntas simples não visam desqualificar o trabalho do governador e do Prefeito de Salvador, reconhecidamente sério e preocupado com a população, nem tampouco questionar o isolamento social, que é um remédio fundamental e vem poupando vidas, mas lembrar ao poder público que é preciso viabilizar uma porta de saída para o isolamento, antes que a população, por si só, passe a ir às ruas, com já vem fazendo em várias localidades.

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