A Avon informou na noite de sexta-feira (27) que afastou a executiva Mariah Corazza Üstündag, de 29 anos, acusada por violação dos direitos humanos ao manter uma idosa de 61 anos em situação análoga à escravidão. O caso chegou ao MPT (Ministério Público do Trabalho) graças a uma denúncia feita por meio do Disque-100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Segundo informações do jornal “Folha de S.Paulo”, a idosa, cujo nome não foi divulgado, trabalhava há 20 anos na casa de Mariah, no Alto de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste de São Paulo. A executiva chegou a ser presa, mas foi liberada depois de pagar fiança no valor de R$ 2.100. O marido dela, Dora Üstündag, de 36 anos, também foi indiciado pela Polícia Civil.
“Com grande pesar, a Avon tomou conhecimento de denúncias de violação dos direitos humanos por um de seus colaboradores. Diante dos fatos noticiados, reforçamos nosso compromisso irrestrito com a defesa dos direitos humanos, a transparência e a ética, valores que permeiam nossa história há mais de 130 anos. Informamos que a funcionária não integra mais o quadro de colaboradores da companhia. A Avon está se mobilizando para prestar o acolhimento à vítima”, disse a empresa, em nota enviada ao portal UOL.
Diante da repercussão do caso, a Avon foi questionada por vários seguidores nas redes sociais sobre o posicionamento da empresa. Em resposta, o perfil oficial da Avon informou o “afastamento” da funcionária e a apuração de detalhes “para aplicar as medidas cabíveis de acordo com nosso Código de Ética e Compliance e da legislação brasileira”. Agora à noite, a multinacional confirmou a demissão da executiva. O quarto em que a idosa vivia, segundo a procuradora do trabalho Alline Pedrosa Oishi Delena, era uma espécie de depósito e tinha cadeiras, estantes e caixas amontoadas. Um sofá velho era utilizado como cama. Não havia banheiro disponível no local.
Sem registro, férias nem 13º…
Ainda de acordo com reportagem da Folha, a senhora resgatada foi contratada pela família como empregada doméstica no ano de 1998. Ela chegou a trabalhar sem registro em carteira por 13 anos, não teve férias nem 13º salário. A Justiça do Trabalho em São Paulo atendeu a um pedido feito pelo Ministério Público do Trabalho e bloqueou a casa da família para que não fosse vendida até o fim do processo. Também determinou a liberação de três parcelas do seguro-desemprego para a vítima.
(Foto: MPT)