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JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA: O DESAFIO PÓS-PANDEMIA

Redação - 25/06/2020 07:38 - Atualizado 25/06/2020

Salvador, ao que parece, está chegando ao chamado platô da curva da pandemia. É verdade que tudo pode mudar de um dia para o outro, mas o fator R na cidade está menor que 1, ou seja, 100 pessoas infectadas contaminam um número inferior a 100.  Se fosse maior que 1, a curva de crescimento continuaria exponencial. Por outro lado, quando se faz o cálculo de crescimento de casos e mortes por semana epidemiológica surgem sinais de queda.

Os indicadores são positivos, mas o secretário municipal de Saúde, Léo Prates, que se destacou na pandemia como um dos melhores gestores da administração de ACM Neto, lembra-me que a taxa de ocupação de Utis ainda supera os 80%, e diz que só quando esse índice cair para menos de 70%  se poderá falar em reabertura da economia. Como novos leitos serão agregados à rede ainda em junho, é possível que surja uma boa noticia até o início de julho.

Mas esse é apenas um dos desafios, o desafio maior será enfrentado pelas milhares de pequenas e médias empresas que vão se deparar com um “novo normal”, que ninguém sabe ainda como é e quanto tempo vai durar. Sabe-se, por suposto, que, mesmo com a abertura das atividades econômicas, o consumidor, especialmente o de renda média e alta, estará relutante em sair de casa para fazer compras nos primeiros dias. O medo do contágio e a tendência a poupar, própria de tempos de incerteza, terão de ser vencidos com os protocolos que vão garantir segurança e com as ofertas e a criatividade por parte dos vendedores.

Os empresários, por outro lado, terão o desafio monumental de voltar ao trabalho, introduzindo mudanças físicas e sanitárias em seus empreendimentos, eles que já estão abarrotados de dívidas, precisando repor os estoques e sem capital de giro – já que o cartel de bancos mostrou que mesmo na pandemia só pensam nos seus superlucros. E tudo isso na certeza de que no início seu faturamento será em torno de 40% do verificado em tempos normais, como se pode ver nas cidades onde a reabertura foi feita. Lojistas e shoppings, por exemplo, vão ter de estabelecer um plano de retomada negociado, com incidência gradual de custos. Consumidores reticentes, empresários fragilizados e autoridades governamentais pisando em ovos, como medo de uma nova onda de contágio, esse é o cenário que aguarda os soteropolitanas. Mas ainda assim é um cenário de esperança que embute a perspectiva de retomada dos negócios, do emprego e da vida normal.

                                                 NÃO DÁ MAIS PARA VIVER DE RENDA

Com a  Selic a 2,25% ao ano, o rendimento real de um fundo de renda fixa, após ser descontado o IR e a taxa de administração, será negativo. Não sai no extrato, é perda do poder de compra. A poupança, que não incide IR, é melhor que os fundos. Poupança é só para guardar dinheiro, quem quer alguma rentabilidade tem de buscar títulos do tesouro com prazo maior, ou ir ao mercado de risco: bolsa, fundos imobiliários e de ações. O  sistema de previdência privada tem taxa de administração, (veja qual é!) e, se estiver concentrado em renda fixa, o investidor vai perder direito, mas o gerente pode montar um mix de renda fixa e renda variável. E  CDB, LCI só para grandes quantias.

                                                             IMORTAIS

No meu discurso de posse na Academia de Letras da Bahia, lembrei que o sentido da palavra imortal é etimologicamente perfeito para os acadêmicos, pois eles assim o são. Sempre que um acadêmico se vai, aquele que ocupa sua cadeira tem de fazer, no seu discurso de posse, a elegia dos que o precederam, tornando-o imortal, pois sua obra e sua vida será sempre citada ao longo dos tempos. Dois amigos imortais, que dignificavam a ALB, morreram por esses dias. João Calos Teixeira Gomes – Joca, o Pena de Aço – e Luís Henrique Dias Tavares foram exemplos de intelectuais à serviço da arte, da cultura e do seu povo. Mas Joca e Luís Henrique não morreram, estão encantados, e permanecerão imortais.

 

 

 

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