O Banco Mundial recebeu, na noite desta sexta-feira, a comunicação oficial que indica o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para o cargo de diretor executivo no conselho administrativo da entidade. Para que assuma o posto, a nomeação precisa ser aceita pelos demais países do grupo do qual o Brasil faz parte — porém, como nunca uma candidatura brasileira foi contestada, a expectativa é que o ex-ministro seja eleito. Ele deverá cumprir o restante do mandato atual que termina em 31 de outubro de 2020, quando será necessária uma nova nomeação e nova eleição.
A ida de Weintraub para o Banco Mundial deverá representar uma reviravolta em tudo o que ele prega na cartilha antiglobalista e conservadora do bolsonarismo. Segundo lembrou uma fonte ligada à instituição, na função de diretor-executivo do Bird, Weintraub passará a defender uma agenda progressista, formada por políticas de equalização de oportunidades entre gêneros e o apoio a projetos que lidam com a mudança climática, entre outros exemplos. Ele passará a trabalhar em uma das principais instituições multilaterais do mundo, fundada em 1944, tem 189 países membros e funcionários de aproximadamente 170 nações.
Weintraub também terá de dominar seu gênio explosivo. O Bird tem regras que preveem punições a desvios de conduta. Além disso, precisará conquistar credibilidade junto a outros países do banco, tendo em vista que está deixando um governo cujo presidente da República é completamente alinhado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O termo diretor-executivo pode ser enganador, pois a função do cargo é mais do que executiva. Tem em sua essência a política e a diplomacia.
Abraham Weintraub assumirá o vaga de Fábio Kanczuk, que deixou a função de diretor-executivo antes de encerrar o mandato — que termina em outubro deste ano — para ser diretor de Política Econômica do Banco Central. Atualmente, quem assume o cargo de forma interina é a economista filipina Elisa Augustin. Nunca uma candidatura do Brasil foi contestada e, por isso, a expectativa é que o ex-ministro seja eleito sem dificuldade.
Há 25 cadeiras no “board” do Bird. Uma delas, que tem à frente o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, representa não apenas o Brasil, mas também Colômbia, Equador, República Dominicana, Haiti, Panamá, Suriname, Trinidad & Tobago e Filipinas. Ou seja, são nove países com poder de voto. Há cadeiras que só têm apenas um país, caso, por exemplo, dos Estados Unidos, da China, da França, da Alemanha, do Reino Unido e do Japão.
— A cadeira brasileira está vaga. Não há um representante do Brasil — disse o ex-diretor e ex-vice-presidente do Bird, Otaviano Canuto, que ocupou a cadeira de diretor-executivo, assim como o ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan; o embaixador Marcos Caramuru; o atual presidente da Federação Brasileira de Bancos, Murilo Portugal; entre outros.
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