Após ser chamada de “barraqueira, que incita ao crime e à violência contra um negro que tem opiniões próprias” por Sergio Camargo, presidente da Fundação Palmares, Alcione decidiu não rebater o ataque, segundo informou sua equipe. Optou pela nobreza. Preferiu dedicar gratidão ao apoio da classe artística e de seus fãs. Segundo a cantora, seus admiradores se “tornaram, cada um, uma Alcione”, depois do episódio.
“Quero agradecer, não somente por ter nascido no Brasil, mas também por pertencer ao Brasil, pertencer à minha família, pertencer aos amigos que me deram e dão força até hoje. Pertenço a uma classe de artistas que eu me orgulho a cada dia… Desses cantores, cantoras, compositores, compositoras, músicos, técnicos, produtores, poetas e atrizes, esse público e também fãs, que se tornaram cada um numa Alcione”, afirma a cantora.
Após o ataque de Camargo, que também se referiu ao trabalho da artista como “insuportável música”, personalidades da classe artística se mobilizaram e saíram em defesa de Alcione. As homenagens contaram com declarações de nomes de peso como Maria Bethânia, Cris Vianna, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Marisa Monte, Mart’Nália, Emicida, Teresa Cristina, Pretinho da Serrinha, Seu Jorge, Paulinho da Viola, Camila Pitanga e Bruno Gagliasso.
A iniciativa de promover a homenagem foi do movimento 342 Artes, que é liderado por Paula Lavigne. Com carinho dos colegas de profissão e dos fãs, Alcione diz que é possível suportar tudo:
“Quando se é reconhecido com amor e respeito, como todos fizeram, a gente pode suportar tudo”.
A declaração de Camargo foi uma resposta ao desabafo de Alcione na live de Teresa Cristina, na última terça-feira. Ela comentou um áudio de uma reunião, no dia 30 de abril, em que Camargo chamou o movimento negro de “escória maldita” e disse que, enquanto ele estiver no cargo, “macumbeiro não vai ter nem um centavo”. Na conversa com a cantora, Marrom chamou Camargo de “Zé Ninguém da Fundação Palmares” e lembrou atos de racismo ocorridos nos EUA e no Brasil.
“A gente vê tanto sofrimento. Você vê os negros americanos naquela batalha, por causa daquele senhor que morreu com aquele filha da mãe com o joelho nele. A gente vê as coisas que acontecem no Brasil, com bala perdida e tudo. Então a gente vê uma pessoa da nossa cor falando uma besteira daquelas, tenho vontade de arrancar da televisão e encher de porrada para virar gente”.
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