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APÓS VÍDEO, AVALIAÇÃO DE BOLSONARO NA BAHIA SE MANTEVE ESTÁVEL

Redação - 30/05/2020 13:00 - Atualizado 30/05/2020

A avaliação do presidente Jair Bolsonaro se manteve relativamente estável na Bahia e em Salvador após a divulgação do vídeo da reunião ministerial no âmbito do inquérito que investiga se o chefe do Palácio do Planalto tentou interferir politicamente na Polícia Federal. Por outro lado, no plano nacional, a avaliação negativa do governo (ruim/péssimo) piorou cinco pontos. É o que aponta a quarta rodada da pesquisa DataPoder360, realizada em parceria com o Grupo A Tarde entre os dias 25 e 27 de maio.

No entanto, o cientista político Rodolfo Costa Pinto lembra que, como o presidente já era pior avaliado na Bahia e, sobretudo, em Salvador o desempenho de Bolsonaro agora é quase o mesmo em âmbito nacional e estadual com os dados atualizados. Na Bahia, 43% avaliam o governo como ruim ou péssimo, 28% definem como bom ou ótimo e 25% como regular. No Brasil, 44% dizem que a administração é ruim ou péssima, 28% analisam como boa ou ótima e 23% como regular.

Na capital baiana, como apontado desde a primeira rodada do levantamento, Bolsonaro tem níveis piores de apoio. Conforme os dados mais recentes, são 55% de ruim ou péssimo, 20% de bom ou ótimo e outros 20% de regular. Muito repercutido no noticiário nos últimos dias, o vídeo da reunião ministerial foi assistido por metade dos brasileiros. O sigilo da peça foi retirado pelo ministro Celso de Mello, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Conforme a pesquisa, disseram ter visto o vídeo inteiro ou em partes 51% dos brasileiros, 49% dos baianos e 53% dos soteropolitanos. Afirmaram que não assistiram a peça, mas ouviram falar sobre o assunto 36% dos brasileiros, 33% dos baianos e 31% dos soteropolitanos. Pelos números apresentados, o cientista político avalia que o vídeo pode ter causado um impacto relevante na opinião das pessoas sobre a questão do possível afastamento do presidente.

No dia 13 de maio 52% dos brasileiros entrevistados disseram que as acusações do ex-ministro Sérgio Moro de suposta interferência na Polícia Federal não seriam motivo para tirar Bolsonaro do cargo. Agora, esse número caiu para 46%. Na Bahia, a queda foi de 43% para 39%. Em Salvador, houve a diminuição mais expressiva, de 36% para 29%.

“O mais interessante é notar que, entre as pessoas que assistiram ao vídeo, a maioria acredita que as acusações são sim motivo para tirar o presidente do cargo. Já entre quem não viu o vídeo, mas ouviu falar sobre o assunto, os números são diferentes”, acrescenta. Entre os baianos que viram a peça, 46% acreditam que a suposta interferência apontada por Moro seria razão para o impeachment e 43% acham que não seria um motivo plausível.

Já no grupo dos que não assistiram ao vídeo, 42% creem que isso não seria suficiente para o afastamento de Bolsonaro e 34% defendem que haveria razão para o impeachment. No Brasil, considerado o grupo que assistiu ao vídeo, 48% acreditam que as acusações de Moro justificariam a saída de Bolsonaro do cargo e 44% não acham que isso justificaria o processo. Quando foram ouvidos aqueles que não viram a peça, 56% opinaram que não há razão para um impeachment com base nisso e 23% disseram que, sim, o proceso estaria bem embasado.

 

Para quem assistiu ao vídeo da reunião ministerial, a pesquisa também questionou a opinião do entrevistado sobre o comportamento do presidente. No encontro com os ministros, o presidente reclamou que não recebia informação da Polícia Federal e disse que já havia tentado “trocar gente da segurança nossa” no Rio de Janeiro, sem sucesso. “Eu não vou esperar f* a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro!”, disse.

Além disso, afirmou ter um sistema particular de informações que funciona, reclamou da pressão para revelar seus exames para o coronavírus e xingou os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Para 58% dos baianos, o presidente está errado, e segundo 26%, está certo. Outros 16% não opinaram. Entre os brasileiros, 46% reprovaram o comportamento de Bolsonaro, 32% apoiaram e 22% não responderam. Já em Salvador, 63% dos entrevistados criticaram o chefe do Palácio do Planalto, 19% concordaram com a atitude de Bolsonaro e outros 19% não se manifestaram.

A avaliação do Congresso Nacional se manteve estável entre os brasileiros, melhorou na Bahia e piorou entre os soteropolitanos. No Brasil, aqueles que avaliaram o trabalho dos congressistas como regular se mantiveram em 47%, enquanto a avaliação positiva oscilou de 15% para 16% e a negativa, de 34% para 32%. No estado, a avaliação regular continuou em 44%, ruim/péssimo caiu de 31% para 27% e bom/ótimo passou de 19% para 22%. Em Salvador, regular caiu de 47% para 40% e ótimo/bom de 19% para 15%. Já a avaliação ruim/péssimo subiu de 24% para 32%.

A quarta rodada da pesquisa DataPoder 360 realizada em parceria com o Grupo A TARDE reforça um movimento já observado em meio à crise do coronavírus: ricos menos bolsonaristas e uma ampliação da base de apoio do presidente nas camadas mais pobres. “É um movimento consolidado. Desde o começo da pandemia houve essa ‘inversão’ na base do Bolsonaro. Perdendo apoio da elite, mas ganhando apoio entre quem tem renda menor”, diz o cieentista político Rodolfo Costa Pinto.

Entre os baianos, o menor apoio a Jair Bolsonaro está entre os mais ricos, aponta o levantamento. No grupo que ganha acima de 10 salários mínimos, o governo é bom ou ótimo para 17% e ruim ou péssimo para 58%. Por outro lado, entre os desempregados ou sem renda fixa, Bolsonaro é bem avaliado por 28% e mal avaliado por 35%. O mesmo fenômeno é observado em âmbito nacional. A maior rejeição ao presidente (68%) vem dos mais ricos e a menor (38%) de quem não tem emprego ou renda fixa.

Por regiões, o presidente continua mais popular nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde sua avaliação positiva aparece em torno de 40%. O Nordeste segue sendo a região do país onde o presidente é mais mal avaliado (52%).

Quando o recorte é faixa etária, há diferenças entre o cenário estadual e o nacional. Na Bahia, o maior índice de apoio a Bolsonaro vem dos mais velhos: 34% daqueles com mais de 60 anos consideram o governo bom ou ótimo. Já no Brasil, este é o mesmo percentual de apoio no grupo entre 25 e 44 anos. O levantamento também aponta, principalmente na Bahia, que o presidente tem maiores níveis de apoio entre os menos escolarizados e avaliação pior entre os mais escolarizados.

No grupo que não frequentou a escola, apenas 34% consideram o governo ruim ou péssimo. Entre os que têm o ensino fundamental, esse índice é praticamente igual: 33%. Quando é avaliada a faixa com ensino médio, 48% avaliam negativamente o governo. Já entre os que concluíram o ensino superior, esse percentual vai a 61%. Para quem finalizou o ensino superior, somente 23% consideram o governo bom ou ótimo. Entre os que têm o ensino médio completo, esse índice é quase o mesmo: 22%. Já no grupo que estudou até o ensino fundamental, 37% avaliam o governo como bom ou ótimo. Na faixa que não frequentou a escola, 40% dizem que o governo é regular.

Foto: divulgação

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