Quando todos estão preocupados com o presente, o sistema de planejamento deve estar pensando no futuro. Esta é máxima que rege a gestão pública e, se é verdade que o governo do estado e a prefeitura de Salvador estão enfrentando de forma competente e coordenada a pandemia em nosso estado, é verdade também que seus sistemas de planejamento estão deixando a desejar.
A essa altura, quando a pandemia está se aproximando do pico e grande parte dos agentes econômicos está à beira do colapso – sem faturamento há mais de 70 dias –, tanto governo quanto prefeitura deveriam estar se reunindo com esses agentes, discutindo um plano de reabertura da economia e estabelecendo protocolos de retomada das atividades com cada setor, avaliando o impacto e o risco de cada um e propondo a abertura gradual dos segmentos de baixo risco. Assim foi feito no Rio Grande do Sul, onde a secretária de Planejamento, Leany Lemos, definiu os índices de risco das atividades econômicas e seu impacto no PIB e, correlacionando com a capacidade da rede de saúde e o ritmo de contágio, estabeleceu protocolos de retomada com cada setor.
Assim, criou-se um sistema de gradação que define, em cada região do estado, que setores podem abrir e as orientações para que serviços e comércio possam retomar as atividades sob estrito controle. O planejamento deu os parâmetros para o chamado “distanciamento controlado”. Na Bahia, urge estabelecer ação semelhante, definindo que atividades poderão voltar a operar, em que lugares e quando. E vale também para Salvador, afinal foi com planejamento que a cidade de Niterói selecionou áreas e setores que poderiam abrir, liberando inicialmente óticas, oficinas mecânicas, consultórios médicos e odontológicos e outros segmentos, a depender de cada local. O fato é que, enquanto o governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto estão na linha de frente viabilizando hospitais e equipamentos para reduzir o número de mortos, suas estruturas de planejamento deveriam estar propondo e articulando o retorno gradual de cada atividade.
Isso não vem acontecendo porque na Bahia a Secretaria de Planejamento não faz planejamento e limita-se a fazer peças orçamentárias e um plano plurianual que é uma coleção de desejos. E Salvador, embora tenha uma boa estrutura de planejamento urbano, tampouco faz planejamento econômico. É urgente a elaboração de um plano de retomada da economia, definindo os cenários possíveis e discutindo com cada setor o protocolo e a previsão de datas para a reabertura.
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