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VEJA COMO AS EMPRESAS DEVEM SE PREPARAR PARA A RETOMADA PÓS A QUARENTENA

Redação - 22/05/2020 13:30

A retomada das atividades econômicas, com a flexibilização gradual do isolamento social causado pela pandemia da Covid-19, é um momento esperado por empresários e trabalhadores de todo o Brasil. Entretanto, a volta à normalidade deve acontecer da forma mais segura possível, o que exige planejamento e mapeamento de riscos. Nesta quinta-feira (21), a In Press Oficina promoveu debate sobre os protocolos de gestão de crise para a retomada dos negócios em mais uma edição do Arena de Ideias. O webinar levantou questões urgentes como os riscos, as necessidades e as novas oportunidades que envolvem a volta ao dia a dia de trabalho.

O debate contou com a participação de especialistas como Fabrício da Mota Alves, advogado especializado em Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais; Ricardo Cohen, médico e doutor em Cirurgia pela Universidade de São Paulo; e pelo advogado criminalista empresarial e especialista em compliance, David Rechulski. A sócia-diretora da In Press Oficina, Patrícia Marins, trouxe uma visão sob o ângulo da comunicação no desenvolvimento e execução do plano de retomada, com foco na gestão da reputação das empresas e de cada uma de suas lideranças.

Segundo a jornalista Patrícia Marins, a preparação das empresas para a retomada deve partir da criação de um Comitê de Crise para o estabelecimento de protocolos de ações que devem contar com um rigoroso mapeamento de riscos para o retorno das atividades presenciais.

“Esse momento de retomada é desafiador e exige que os líderes empresariais tenham competências em gestão de mudança e contem com colaboração interdisciplinar. A saúde e a segurança devem dar o tom da comunicação para o retorno ao trabalho. Uma comunicação digital, mas também com características do olho no olho, com empatia, sensibilidade e engajadora”, explica.

Para ela, esse grupo de trabalho deve ter caráter multidisciplinar, contando inclusive com profissionais de saúde e da área jurídica, além de comunicação. Patrícia Marins defende que profissionais de diferentes especialidades devem desempenhar funções estratégicas na definição de protocolos de segurança no ambiente de trabalho. Essa união de esforços, segundo ela, tem o objetivo de traçar uma estratégia com foco na questão sanitária e na segurança dos colaboradores que devem ser priorizados.

“O grande desafio dos gestores e comunicadores é incluir e ampliar o diálogo com o público interno para entender os medos e anseios dos funcionários nesse momento e, assim, calibrar a comunicação que deve ser realizada de forma gradual. Nenhuma ação de comunicação será efetiva sem um robusto mapeamento de riscos em todos as áreas, como jurídica, saúde e proteção de dados”, esclarece.

Para o advogado, Fabrício da Mota Alves o contexto da pandemia se transformou em um grande laboratório sobre privacidade e proteção de dados pessoais. Segundo ele, a situação no Brasil é ainda mais complexa, pois não há marco regulatório já que a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) não entrou em vigor.

“Com a pandemia, a privacidade está sendo testada em níveis nunca vistos no país. É um teste da capacidade do Poder Público e das empresas conviverem com o desafio real de combater o Coronavírus e garantir direitos mínimos. Com data incerta para a vigência da lei, recomendo que a empresa adote uma visão rigorosa e protocolos de segurança e proteção de dados como se a lei já estivesse em vigor. A cautela e precaução jurídica são importantes para mitigar riscos”, argumenta.

Já o médico Ricardo Cohen, defende a racionalidade na utilização de recursos pelas empresas em relação a ações na área de saúde, como a realização de testes para Covid-19 e compra de equipamentos para medição constante da temperatura dos colaboradores. Para ele, os gestores devem promover uma volta progressiva às atividades, mas preservando os grupos de risco.

“Os funcionários que fazem parte do grupo de risco ainda precisam ser poupados. O ideal não é investir em testes, mas em profissionais de saúde capazes de fazer uma triagem através da história clínica dos funcionários para que, apenas quem realmente precisa, seja submetido a testes. Com isso, evita-se o constrangimento do funcionário e também os resultados falsos positivos e negativos que levam o gestor a tomar decisões erradas. Os testes não devem ser usados como muleta pelas empresas”, afirma.

O advogado e especialista em compliance, David Rechulski destaca que a crise estabeleceu a necessidade de protocolos de segurança e do cumprimento de medidas sanitárias preventivas deliberadas e impostas pelo Poder Público. “O empresário deve ter um cuidado adicional para criar um ambiente de trabalho seguro na retomada das atividades para mitigar riscos de contaminação dos funcionários. Caso não faça isso, existem artigos na lei que podem repercutir em imputação criminal ao empregador”, explica.

De acordo com ele, os profissionais de compliance serão relevantes para desempenhar trabalho maduro e inteligente para não restringir a mobilidade da empresa e, ao mesmo tempo, garantir a segurança dos funcionários. Além disso, segundo Rechulski, a pandemia pode mudar a forma como empresas e seus líderes se colocam no mercado. “Essa crise pode trazer à tona o senso de empatia e de coletividade. Podemos enxergar hoje uma sobreposição do interesse coletivo em relação ao particular. Isso faz parte do processo de aprendizado desse novo momento que vivemos”, finaliza.

Foto: divulgação

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