Conheci a Veveta (ou Eva, como achei que fosse seu nome) em Fortaleza, em 1996, onde a Banda Eva [grupo no qual Ivete foi vocalista entre 1993 e 1999] abriu meu show para 50 mil pessoas. Da coxia, vi uma morena linda com um timbre encantador entoando: “Alô paixão, alô doçura…”. Fiquei com a música e a voz da tal Eva na cabeça. Tanto que no dia seguinte, me peguei escovando os dentes e cantarolando o ritmo.
Pedi para que chamassem a Eva e sua banda no programa Planeta Xuxa. Foi aí que descobri que seu nome não era Eva, mas sim Ivete Sangalo. Foi a partir dali que me aproximei daquela baiana carinhosa e tímida. Sim, acredite, Ivete já foi tímida um dia. Mas sua timidez logo sumiu, abrindo espaço para um sucesso gigantesco. O Brasil todo finalmente se apaixonou por aquela voz que já era conhecida no Nordeste, mas que nós, do Rio e São Paulo, só descobrimos tardiamente.
Cada dia que a via, me encantava mais: seu modo de falar palavrões sem vulgaridade, a maneira de conversar com os fãs como se estivesse batendo papo com o vizinho. Nos tornamos íntimas muito rápido. Foi assim: engravidei, Sasha nasceu em 1998, Veveta cobriu minha licença-maternidade ao me substituir (lindamente!) no Planeta Xuxa. Ela acompanhou tudo de perto e babou, chorou, se emocionou.
Mais tarde, Sasha precisou ir à Bahia pela escola e adivinha onde ficou? Na casa de Veveta. Confiança não faltava nessa relação. Depois veio o Marcelinho [10 anos, primeiro filho de Ivete]. Queria tanto ele por perto que até fiz um quarto para ele aqui em casa – ele nunca usou, mas estava lá.
Em 2017, veio a gravidez das gêmeas [Helena e Marina, 2 anos]. Ela me ligou para dizer que eu seria tia duplamente. Demorei para entender. Aí foi a minha vez de babar, chorar e vibrar duplamente. Logo depois, aconteceu algo que eu nunca contei para ninguém: a fiz uma surpresa carinhosa. Ela não gostou muito. Me parece que a nossa confiança se quebrou ali. Fiquei meses sem me aproximar dela e das pequenas. Quando nos reencontramos, Veveta me olhou fundo nos olhos e, com toda a pureza do mundo, pediu desculpas. Me desarmei e a abracei por longos minutos.
Sei que a confiança pode ter sido abalada, mas minha admiração por ela como mãe aumentou. Ela cuida com unhas e dentes dos filhos. Ai de quem se aproximar deles. Sempre que alguém me pergunta como é Ivete, eu digo: uma pessoa admirável, linda, verdadeira, mãe zelosa e uma artista de quem vale ser fã.
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