A pandemia de Covid-19 (coronavírus), que chegou ao Brasil em fevereiro, tem afetado a atuação profissional de parte da população. Para minimizar o impacto da falta de renda das pessoas que tiveram que parar de trabalhar, por causa das medidas restritivas, o Governo Federal lançou o “Auxílio Emergencial ao Cidadão”. Chamado popularmente de “coronavoucher”, o repasse de R$ 600 ajudará as famílias a se manterem nesse período. Uma das questões, porém, que a medida evidenciou é o problema estrutural do país em relação aos desbancarizados.
O início dos pagamentos em relação ao coronavoucher, em conjunto com os milhares de desbancarizados, gerou uma alta demanda para a Caixa Econômica Federal. De acordo com o banco público, foram cerca de 11 milhões de pedidos de abertura de poupanças digitais em apenas dois dias para o recebimento do auxílio. Segundo o Instituto Locomotiva, o país tem 45 milhões de desbancarizados, ou seja, pessoas que não movimentam a conta bancária há mais de seis meses ou não possuem conta em nenhum banco.
Segundo o instituto, metade dessas pessoas vivem nas regiões Norte e Nordeste. Entre os motivos para essas populações não terem acesso aos serviços financeiros estão a falta de agências bancárias nos municípios menores, o alto custo das contas, CPF negativado, entre outros. Em uma pesquisa feita pela Google, as regiões Norte e Nordeste, que são historicamente as mais carentes do país, também são as que mais estão abertas a possibilidade de abrirem contas nas chamadas “fintechs”, que são startups que atuam no sistema financeiro. De acordo com a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), a explicação disso é a facilidade de acesso as empresas digitais.
Apesar da oferta das contas poupança por parte dos bancos públicos, que são as únicas empresas onde os beneficiários do coronavoucher que não possuem contas bancárias poderão receber o dinheiro do auxílio, as fintechs se destacam nesse cenário de pandemia por oferecer mais serviços e, na maior parte das vezes, a um custo zero. Por exemplo, contas correntes de bancos públicos são abertas em agências físicas e precisam de documentos como comprovantes de renda. No caso das fintechs os informes de renda são dispensados, além de que as contas são abertas pelo celular. Além disso, os bancos públicos costumam ter limite de transferências até entre contas da mesma empresa, enquanto nas fintechs as transferências costumam ser ilimitadas e sem um limite de valor.
Além disso, as empresas digitais oferecem também cartões pré-pagos e de crédito, contas sem nenhum tipo de tarifa, pagamentos via QR Code ou contactless e atendimentos personalizados. Praticamente todos os serviços e operações feitos por fintechs são realizados através dos próprios aplicativos, o que faz com que a pessoa nem precise sair de casa, respeitando o distanciamento social.
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