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JOSÉ MACIEL : PERSPECTIVA PARA A AGROINDÚSTRIA EM 2020

Redação - 06/04/2020 09:53
Embora a nossa expectativa seja  a de que o agronegócio seja um dos setores menos afetados pela crise provocada pelo novo coronavirus, uma  análise recente do Centro de Estudos em Agronegócios da FGV  (o FGV AGRO) indica alguma piora dessas perspectivas para as agroindústrias brasileiras, aqui entendidas no sentido mais restrito,  dos setores a jusante da nossa  agropecuária.
Em matéria do Valor Econômico , de 20 de março último ( página B10), o novo cenário traçado pela FGV AGRO projeta o crescimento deste segmento na casa de 0,7% este ano, ante 1,42%  estimado anteriormente. O ajuste é fruto da redução do crescimento nas áreas de alimentos e bebidas e também na de produtos não alimentícios. A análise da FGV sustenta que, “por trás dessas revisões , ha´a expectativa de menor acréscimo do PIB, menor confiança do empresário e leve redução das exportações”.
Não obstante, as previsões oficiais, referidas na matéria do Valor Econômico, apontam  para um aumento dp valor bruto da produção de 8,2% em relação a 2019 (para um recorde de 683 bilhões de reais em 2020), enquanto o PIB do agronegócio cresceria entre 3% e 4% este ano, segundo projeções da CNA-Confederação  Nacional da Agricultura  e  Pecuária. Esse dado da CNA aparenta um tanto elevado no cenário atual de crise, por conta, por exemplo, da redução observada no consumo interno de carnes e da redução esperada da demanda global de alguns produtos, como o açúcar.
Ainda no setor de carnes, a ministra Tereza Cristina tem afirmado que o governo chinês deve habilitar novos frigoríficos brasileiros este ano, mas as informações disponíveis dão conta que novas habilitações estão suspensas temporariamente. Ademais, a China , nosso principal importador de produtos  agropecuários, deve experimentar uma redução importante  do crescimento de sua economia este ano  , bem abaixo do piso de 6% ao ano observados historicamente  nos últimos tempos.
De todo modo, ainda que na presença de cenário econômico  sombrio, externa e internamente, o agronegócio nacional  pode surpreender e tem surpreendido como uma grande exceção em momentos recessivos de nossa economia. Assim, algum crescimento não seria uma surpresa, mesmo em níveis até maiores que os projetados pela FGV AGRO. Não custa lembrar que , na década de 80 , considerada uma década “perdida”, a nossa agropecuária cresceu, em média, 3,1% nesse período,  ante uma média de anual de 2% para a economia  como um todo. Esse possível desempenho não puxa o PIB brasileiro, mas seria extremamente importante para a atividade econômica do interior do país.
((1) Consultor Legislativo e doutor em Economia pela USP. E-mail:  [email protected]

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