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POR QUE O H1N1 NÃO PAROU ECONOMIAS COMO O CORONAVÍRUS?

Redação - 30/03/2020 14:30

Para conter a pandemia do novo coronavírus, um terço da população mundial vive hoje sob medidas de isolamento, que fecharam lojas, aeroportos, empresas, atividades culturais e esportivas o obrigaram as pessoas a ficar em suas casas. Isso é inédito na história recente e não foi visto nem quando o mundo enfrentou outra pandemia devastadora pouco tempo atrás. A gripe suína também era causada por um novo vírus que passou por uma mutação em animais e começou a infectar humanos, em quem causa uma doença que pode ser grave.

Mas o H1N1 não colocou cidades ou nações inteiras em quarentena. Em alguns países, viajantes passaram por triagens, casos suspeitos foram isolados, e aulas chegaram a ser suspensas, mas a disseminação daquele vírus não chegou a praticamente paralisar algumas das maiores economias do mundo como vemos agora. China, França, Espanha, Itália, Índia e Reino Unido tomaram medidas drásticas para frear o avanço do Sars-Cov-2, nome oficial do novo coronavírus. O governo brasileiro se recusou até agora aseguir pelo mesmo caminho — na verdade, vem atuando na contramão.

O presidente Jair Bolsonaro pediu em um pronunciamento o fim da quarentena que Estados brasileiros implemetaram e afirmou que o impacto econômico delas será pior que o da própria pandemia. Também criticou as medidas adotadas ao redor do mundo e, referindo-se à pandemia de H1N1, disse: “Tivemos uma crise semelhante no passado. A reação não foi nem sequer perto dessa do que está acontecendo hoje em dia”.

Afinal, essas respostas drásticas ao novo coronavírus se justificam? Ou há um exagero?

Médicos, virologistas e economistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem que elas são necessárias no momento, porque o Sars-Cov-2 tem características diferentes do H1N1 — e causou uma pandemia mais grave, contra a qual não temos outras armas até agora além do isolamento social. Entenda a seguir por quê.

O novo coronavírus é mais transmissível do que o H1N1…

Em abril de 2009, o H1N1, um subtipo inédito de vírus influenza, que causam a gripe, foi identificado no México e nos Estados Unidos. Quatro meses depois, ele havia se disseminado para mais de 120 países e deixado dezenas de milhares de pessoas doentes. Assim como o Sars-Cov-2, o novo H1N1 era transmitido por meio de tosse e espirros ou pelo contato direto com uma pessoa infectada e com secreções respiratórias. Mas o H1N1 era duas vezes menos transmissível do que o novo coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que uma pessoa com H1N1 era capaz de infectar de 1,2 a 1,6 pessoas.

O índice para o Sars-Cov-2 varia bastante de local para local. Mas um estudo recente, usado como referência pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Europa, revisou 12 pesquisas sobre o tema e apontou uma taxa intermediária de 2,79. No entanto, sua rápida disseminação tem levado epidemiologistas a revisar o índice e a sugerir que ele é maior do que 3, disse o cientista Neil Ferguson, do Imperial College London, no Reino Unido. “Isso fornece ainda mais evidências que apoiam medidas de distanciamento social mais intensas”, afirmou Ferguson à revista New Scientist.

(Foto: GETTY IMAGES VIA BBC)

 

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