quinta, 25 de abril de 2024
Euro 5.5402 Dólar 5.1615

JORNAL A TARDE- ARMANDO AVENA: AS MEDIDAS DO GOVERNO E A ECONOMIA INFECTADA

Redação - 19/03/2020 07:16 - Atualizado 19/03/2020

A economia brasileira foi infectada pelo coronavírus e pode parar na UTI. Pandemia exige isolamento e isso não se discute, mas o isolamento  paralisa a economia, ou quase. Mantidos em casa, as pessoas consomem menos, produzem menos, ninguém investe e a economia para. Alguns setores, como turismo, entretenimento e varejo não essencial já estão respirando por aparelhos e outros já estão entrando nos hospitais.

Por isso, o governo federal precisava agir. As primeiras ações – reduzir taxa de juros, adiar pagamento de dívidas por 60 dias e outras medidas monetárias – foram paliativas:  a economia precisa de dinheiro na veia. Felizmente,  As medidas anunciadas pelo governo ontem foram nessa direção. Tanto a população quanto as empresas que empregam os brasileiros precisam de transfusão de dinheiro, por isso é fundamental que o Congresso Nacional aprove a proposta do governo de decretar “estado de calamidade pública”, permitindo que sejam utilizados recursos federais acima do previsto orçamentariamente, mesmo que isso signifique aumentar o rombo fiscal.

Em tempos de pandemia, não faz sentido insistir em manter meta fiscal, o governo precisava fazer uma transfusão direta de dinheiro para a economia para proteger a saúde da população e adotar medidas que protejam os empregos. As medidas anunciadas pelo governo Bolsonaro ontem foram nessa direção e, vale lembrar, só serão possíveis de ser implementadas se o estado de calamidade pública for aprovado, pois  vão ampliar o rombo fiscal e tem de ser assim. As medidas adotadas estimulam o consumo e permitem a sobrevivência das pessoas, a exemplo da garantia de uma renda mensal de R$ 200,00 para os participantes do Cadastro Único  e da ampliação do Bolsa Família.

E outras apoiam o setor empresarial, como o diferimento de impostos e o estabelecimento de linhas de créditos a juros menores, afinal é preciso preservar as  empresas brasileiras, pois são elas que geram emprego. Em suma: as medidas estão corretas e vão no caminho certo, ainda que o varejo físico continue sofrendo, pois, mesmo com dinheiro, se as pessoas estão isoladas em casa como irão consumir?  Um velho liberal diria, no entanto: mas isso vai gerar inflação! Vai, mas a inflação é melhor que do que a morte de milhares de pessoas e do que a desestruturação da economia brasileira.

                                                    ESTADO E PREFEITURA

As associações que representam os empresários enviaram carta ao governador do Estado, Rui Costa, e ao Prefeito de Salvador, ACM Neto, solicitando medidas para fazer frente à paralisação da economia. Algumas para estimular o consumo, como a antecipação do 13º salário do funcionalismo público para quem ganha até 2 salários mínimos e a quitação de débitos com fornecedores baianos. Outras para liberar caixa, como a postergação do recolhimento de impostos, especialmente o ICMS e o ISS e o Simples. Dificilmente, o poder público poderá viabilizar todas as medidas, mas algumas delas são pertinentes e vão evitar um nível maior de desemprego.

                                       BOLSA: NÃO ENTRE EM PÂNICO

Muitos investidores ficam apavorados ao ver seu dinheiro desaparecendo com a queda no preços das ação na Bolsa de Valores e os fundos imobiliários despencando. Mas nada de pânico. Cada ação que o investidor tem em mão representa um pedacinho do imobilizado físico e imaterial da empresa, por isso a queda no preço das ações é uma queda no papel, não necessariamente no valor real da empresa. As máquinas, os terrenos, a credibilidade da companhia ainda estão lá intactos e isso é a garantia de cada ação. Claro, o lucro das empresas vai cair, e os dividendos também, mas o valor da ação de uma empresa sólida jamais chega a zero e a tendência é, passado a crise pontual, de recuperação dos preços.

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.