sexta, 28 de junho de 2024
Euro 5.9938 Dólar 5.5988

BRASILEIRA NA ITÁLIA RELATA CAOS COM QUARENTENA DO CORONAVÍRUS

Redação - 09/03/2020 07:36

A fotógrafa brasileira Luciane Gérssica de Almeida Ferreira, 38 anos, que vive na Itália, país mais afetado pelo novo coronavírus na Europa, afirma que se sente em meio ao caos após o decreto de quarentena na região de Lombardia. Em entrevista ao G1 nesta segunda-feira (9), ela conta que o país está em alerta total por causa da doença.

O primeiro-ministro Giuseppe Conte assinou, no fim de semana, a medida que determina que a região tenha limitação de entrada e saída dos locais afetados até o dia 3 de abril. Em 24h, o país registrou alta de 57% no número de mortes pela doença. Neste domingo (8), o país contabilizava 7.375 casos confirmados e 366 mortes – o número estava em 233 mortes no sábado (7). Para tentar conter a propagação da doença, foi determinado o isolamento na região.

Luciene saiu de Praia Grande, no litoral de São Paulo, há aproximadamente um ano, com o marido e os dois filhos. Eles moram na cidade de Lissone, província de Monza, na região de Lombardia. Ela relata que, enquanto caminha nas ruas, tem a sensação de que está em uma cidade fantasma, já que não vê pessoas fora de casa.

“Antes do coronavírus, a gente tinha uma vida normal como qualquer outra família. As crianças frequentavam a escola, meu marido trabalhava de segunda a sexta-feira normalmente. A gente viajava e saía bastante, mas agora, não podemos fazer isso mais”, desabafa. Atualmente, os filhos estudam pela internet, e o marido, que trabalha em Milão, entrega seus trabalhos também pela web.

Segundo ela, logo após o anúncio da quarentena, os noticiários italianos mostravam a população desesperada para conseguir migrar para o Sul. “Quem tem parentes no sul, não consegue ir para lá. As pessoas estão desesperadas para sair, achando que se ficarem vão morrer. Estão querendo sair de qualquer jeito. Isso é uma coisa inviável, porque acaba espalhando o vírus para outros lugares”, afirma.

De acordo com Luciane, quando as pessoas são localizadas próximo as fronteiras de outras cidades, os policiais determinam a volta. “Ninguém pode entrar e nem sair”. Ela relata que os comércios também estão vazios e que há uma série de recomendações para poder ser atendido. “Agora, na farmácia, não se pode entrar a hora que você quiser e um funcionário fica atendendo somente um cliente por vez. Hoje eu tive que esperar lá fora da farmácia para poder ser atendida, até que um cliente saísse”, explica.

Nos restaurantes, as determinações são parecidas, segundo Luciane. Os clientes precisam ficar distantes 1 metro um do outro e os estabelecimentos só podem ficar abertos até às 18h, caso contrário, são multados e correm o risco de ser fechados. Um dos poucos lugares que não foram afetados, conforme relata a fotógrafa, é o supermercado. Ao contrário de outras cidades, não há falta de alimentos nas prateleiras. Apesar disso, ela procura manter a dispensa sempre abastecida.

“Eu vejo muitas pessoas compartilhando vídeos falsos, em que a informação é de que está faltando tudo, água, alimento, e que parece que as pessoas estão indo para uma guerra, mas não está acontecendo nada disso. Não é o fim do mundo, mas temos que ter cautela”, afirma. Ela esclarece que, com a quarentena, os pontos turísticos da região não podem ser frequentados e os eventos importantes foram cancelados para que a população fique em casa.

“Hoje mesmo eu saí porque eu não aguentava mais ficar em casa. Fui levar o cachorrinho para passear e você percebe a vizinhança assustada, tipo: ‘como assim você está andando com o cachorro na rua, como se nada tivesse acontecendo’. Em um momento, passou um cara de carro por mim e gritou: ’Olha o coronavírus’. Está esse pânico por aqui”, finaliza.

Surto na Itália

A Itália é o país europeu mais atingido pela atual onda da epidemia e o terceiro em nível mundial. O contágio veio à tona há mais de duas semanas e concentra-se em um punhado de locais no norte da Itália, mas agora foram confirmados casos em cada uma das 20 regiões do país, com mortes registradas em oito delas.

Total no mundo

O número global de notificações de infecção pelo coronavírus é de 107.600 casos, com 3.656 óbitos, em 95 países e territórios – aponta o levantamento do jornal “The New York Times” neste domingo (8), com base nos últimos dados de fontes oficiais. Na China, o número de casos vem diminuindo, mas a queda de um prédio onde pessoas estavam em quarentena deixou 10 mortos. Mais de 20 pessoas ainda são procuradas entre os escombros.

Nos Estados Unidos, o Deparamento de Saúde do estado da Flórida anunciou a morte de duas pessoas infectadas pelo coronavírus. São as primeiras vítimas fatais registradas na costa leste do país. O estado de Nova York declarou estado de emergência neste sábado. Os números do coronavírus no país são desencontrados. O governo norte-americano reconhece 213 casos confirmados, mas a imprensa noticia que já são mais de 300 pacientes. De acordo com o jornal “The New York Times”, estão confirmadas 19 mortes até o momento, 16 delas no estado de Washington, costa oeste.

Ainda nos Estados Unidos, organizadores de uma conferência de ação política conservadora que aconteceu perto da capital Washington no fim de fevereiro e que teve participação do presidente Donald Trump, confirmaram que um dos participantes testou positivo para a doença. Eles explicaram que a pessoa infectada não teve contato com o presidente e não participou da atividade no principal espaço do evento. Perguntando sobre isso, Trump disse “não estar nem um pouco preocupado com isso”. Na Argentina, um homem de 64 anos é a primeira vítima da doença na América Latina. No mês passado, ele viajou para a França e começou a apresentar os primeiros sintomas em 28 de fevereiro.

Foto: divulgação

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.