terça, 15 de abril de 2025
Euro 6.68003 Dólar 5.8899

CARNAVAL GERA 215 MIL POSTOS TEMPORÁRIOS EM SALVADOR

Redação - 24/02/2020 13:50

Se você está à procura de um bico para pagar umas contas atrasadas esse início de ano – ou quem sabe aquela oportunidade de efetivação – deve ficar atento a um dos mais de 215 mil postos de trabalho temporário abertos em função da alta estação e o Carnaval, em Salvador, segundo estimativas da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult). De acordo com o titular da pasta, Claudio Tinoco, são oportunidades para até 40 áreas de atuação, em mais de 50 setores da economia. Só no segmento de segurança e apoio à festa, ele diz que o contingente é de 30 mil; montagem, operação e desmontagem de estruturas, 20 mil; artistas, 10 mil; técnico de luz e som, 3,5 mil;

O número não para por aí. Na rede hoteleira as contratações extras chegam a 1,7 mil (certa de 10% do total); e em bares e restaurantes o incremento da mão de obra é da ordem de 20% (maitre, barman, saladeira). Tem ainda o pessoal da confecção de brindes (1,6 mil); decoração (453); comercialização de alimentos e bebidas em blocos e camarotes, 928. Só de licença para ambulantes foram 4,5 mil, sendo que cada um deles “puxa outros três jockeys” – expressão utilizada para designar quem sai com o isopor na cabeça entre os foliões –, conta o secretário. R$ 1,8 bilhão é quanto movimenta o Carnaval da capital baiana, entre um consumo formal (60%) e informal (40%);

“Isso tudo é sinônimo de receita pública, por meio (da cobrança) de ICMS e ISS (impostos sobre a circulação de bens, produtos e oferta de serviços). É um Carnaval auto-sustentável, em que o investimento realizado pelo poder público, com, por exemplo, limpeza, transporte, segurança, retorna em valor até superior”, diz. “É um vetor de desenvolvimento econômico para Salvador e o estado como um todo, não simplesmente festa popular ou manifestação cultural”, afirma Tinoco. Importância econômica essa destacada também pelos representantes de entidades como a Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia (Abih), Silvio Pessoa e Luciano Lopes, respectivamente.

“É 100% de ocupação no período, com as pessoas entrando e saindo, fazendo refeição, os hotéis funcionando 24h por dia. Tem família, folião, um público bastante diversificado”, fala Lopes. “As contratações começaram em dezembro, mas ainda tem muita chance, inclusive de ser efetivado (no emprego), se demonstrar interesse, desempenho, vontade de aprender. Todo mundo está ganhando”, diz Pessoa. Falando em trabalho provisório, desempenho e contratação, bastou dois meses de serviço como temporário no restaurante Parador Z1, no Rio Vermelho, para o garçom Daniel dos Santos, 33, anos, casado, dois filhos, ser efetivado, dois meses atrás. “Estou gostando, o movimento é bom”, diz Santos.

Com 350 vagas criadas para áreas como atendimento ao público, venda de abadás, entrega, serviços gerais, financeiro e comunicação, o diretor da Central do Carnaval, Joaquim Nery, diz que dá preferência a contratar pessoas que tiveram experiência anterior no projeto. Mariana Nascimento é um exemplo. Ela trabalhou na Central durante o Carnaval de 2006 e foi efetivada em 2007. Depois de sete anos, mudou para a cidade de Vancouver, no Canadá e, agora, de férias prolongadas em Salvador, resolveu ganhar um dinheiro extra. Desde o início do ano Mariana trabalha como temporária no setor de vendas corporativas da Central do Carnaval, onde fica até março. “É um período de trabalho muito intenso, até porque o número de funcionários e de clientes na loja é bem maior”, fala ela.

Quem ainda está na expectativa de ser chamada para uma oportunidade durante a festa é Rebeca Sacramento, que já trabalhou dois anos seguidos na entrega de camisas de um camarote e, desde novembro, aguarda nova resposta para o envio do currículo. Recentemente, ela conta ter recebido um e-mail com o recrutador “perguntando se eu ainda teria interesse, caso alguém desistisse da vaga”. “Nos anos em que trabalhei, por entre 15 e 17 dias, recebi R$ 1,5 mil mais o valor do transporte e alimentação. É uma ajuda financeira muito bem-vinda para mim. Vale a pena para quem tem esse tempo e está precisando de dinheiro”, conta. “A contratação de trabalhadores temporários vem crescendo de forma considerável a cada ano, e as perspectivas para o ano de 2020 são positivas. Em janeiro fomos surpreendidos com um aumento de 20% em todo o Nordeste, com relação ao mesmo período do ano anterior”, diz o vice-presidente da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), Marcos de Abreu.

Foto: divulgação

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.