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CPMI DAS FAKE NEWS: DONO DA YACOWS DIZ QUE EMPRESA FEZ CAMPANHA PARA MEIRELLES, HADDAD E BOLSONARO

Redação - 20/02/2020 10:15

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a disseminação de informações falsas em redes sociais e por aplicativos de mensagens, a CPMI das fake news , ouviu nesta 4ª feira, 19, o depoimento de Lindolfo Antônio Alves Neto, um dos donos da Yacows, empresa que nas eleições de 2018 trabalhou para diversos candidatos enviando mensagens em massa. Lindolfo confirmou que a empresa fez campanha para o candidato do MDB à Presidência da República, Henrique Meirelles, e que de forma indireta trabalhou também nas campanhas de Fernando Haddad (PT) e do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com ele, a campanha de Haddad usou uma plataforma (Bulk Service) que pertence a Yacows, e a AM4, agência que trabalhava para Bolsonaro, contratou a empresa para que fossem feitos 20 mil disparos de mensagens. Segundo ele, no entanto, a campanha do atual presidente só disparou 900 mensagens. Desmentindo Hans – Sem ter feito o juramento de que falaria a verdade, Lindolfo desmentiu em três pontos o depoimento de Hans River dos Rios Nascimento.

Na semana passada, o ex-funcionário da Yacows, que moveu ação trabalhista contra a empresa, disse à CPMI que eram usados CPFs sem consentimento dos titulares, ou mesmo de pessoas que já morreram, para que fossem habilitados chips utilizados nos disparos pelo whatsapp. “Nós desconhecemos esse procedimento operacional“, ele disse, garantindo também que os chips eram habilitados pelas operadoras sem a necessidade do documento. Essa declaração contradiz também o que disseram à própria Comissão os representantes das operadoras de telefonia.

Ele rebateu outra declaração dada por Hans River, assegurando que desconhece uma lista com dados de pessoas maiores de 65 anos, e que segundo o ex-funcionário era usada pela empresa. Por fim, garantiu, em diversos momentos do depoimento, que não tinha conhecimento do conteúdo das mensagens, ao contrário do que Hans disse à Comissão. Essa afirmação deixou irritados os parlamentares da oposição. Um deles chegou a perguntar que se a Yacows fosse contratada para distribuir pornografia infantil, ela então enviaria as mensagens sem saber o que estava distribuindo.

Não contribuiu – O senador Angelo Coronel (PSD-BA) presidente da CPMI ficou muito insatisfeito com o depoimento de um dos sócios da Yacows. “Não contribuiu em nada para a CPI. Sempre foi evasivo em suas respostas”, resumiu o presidente. Como Lindolfo não fez juramento antes do depoimento, Angelo Coronel não tem dúvida de que ele mentiu. “Já está categorizado que ele não estava ali predisposto a falar a verdade, tanto é que ficou saindo pela tangente”. Coronel também não está satisfeito com o teor dos depoimentos dados a CPI quando o assunto são as fake News na política.

“Até então só se viu a parte técnica, nada concreto do que foi feito de errado nas eleições passadas, quem usou mensagens em massa para depreciar concorrentes. Esperamos que a relatora e a Polícia Federal cheguem a algo concreto nas investigações, senão chegaremos ao final sem nada que venha a somar no quesito eleições”, admitiu o senador. Ele lembrou que ao menos a CPI já resultou em um Projeto de Lei, de autoria dele próprio, que obriga as operadoras a habilitar celulares pré-pagos somente com presença física do interessado. Esse projeto ainda precisa ser aprovado.

Coronel alertou aos membros da CPI que requerimentos de convocação precisam apontar se a pessoa virá como convidada ou testemunha. “Se no requerimento de hoje fosse colocado o Lindolfo como testemunha, a situação seria outra. Porque se mentisse, seria preso. E ele ficou à vontade, falou o que quis, ficou mudo e não somou nada. Do jeito que tá aí, a pessoa pode mentir que não dá em nada”, desabafou Coronel. O depoente ficou calado em algumas perguntas dos parlamentares da oposição. A CPMI volta agora a se reunir depois do carnaval, na 3ª feira, dia 3.

Angelo Coronel quer colocar em votação 95 requerimentos, entre eles os que convocam o vereador Carlos Bolsonaro e os ex-presidentes Lula e Dilma.

Foto: Ana Luiza Sousa

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