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CONSUMO DAS FAMÍLIAS EM BAIXA PUXA PIB EXPECTATIVA DO PIB PARA CIMA, DIZ FGV

Redação - 18/02/2020 14:50

Segundo dados do Monitor do PIB-FGV desde a recessão de 2014-2016, o consumo das famílias apresentou forte retração com o pior resultado registrado na taxa acumulada em 12 meses até julho de 2016 (-5,0%) com queda de todos os tipos de consumo. O consumo retornou ao terreno positivo na taxa acumulada em 12 meses até setembro de 2017 (0,4%), chegou ao ápice desta em abril de 2018, com taxa acumulada em 12 meses de 3,3%; e, desde então, tem crescido a uma taxa aproximada de 2,0%, fechando o ano de 2019 com crescimento de 1,8%. Desde o início de 2019 o consumo de serviços tem sido o principal componente para o crescimento do consumo das famílias, tendo contribuído com 61% do crescimento total deste componente no ano. Os serviços de aluguel, alojamento e alimentação e serviços gerais prestados as famílias foram os que mais contribuíram para o crescimento do consumo de serviços.

A recuperação da FBCF, após a recessão de 2014-2016, começou com o crescimento do componente de máquinas e equipamentos que cresce desde o acumulado em doze meses até setembro de 2017. Apenas a partir do acumulado em 12 meses até maio de 2019 que o componente da construção, que tem maior peso nos investimentos, voltou a ter resultados positivos. No entanto, a FBCF cresceu apenas 2,7% em 2019, após ter crescimento de 3,9% em 2018. Apesar dos componentes de construção e de outros terem aumentado a contribuição na FBCF em 1,3p.p. e 0,6p.p. de 2018 para 2019, não foi suficiente para compensar a diminuição da contribuição de máquinas e equipamentos que, apesar de ainda ser positiva, é 3,1p.p. menor do que era em 2018.

A exportação retraiu 2,2% em 2019 com retração em quase todos os seus componentes. Apenas a exportação de produtos da extrativa mineral (1,6%), de consumo semiduráveis (2,4%) e de bens intermediários (2,1%) cresceram no ano. Os maiores recuos foram registrados na exportação de bens de capital (-21,0%) e de bens de consumo duráveis (-18,6%). O recuo das exportações para a Argentina, devido a recessão no país vizinho é uma das principais justificativas para a retração deste componente. A importação apresentou crescimento de 1,4% em 2019. Apesar de positivo, este resultado é devido, quase que exclusivamente, ao crescimento da importação de bens intermediários. Além deste, apenas a importação de produtos agropecuários cresceu 5,6% no ano, porém, como não tem grande representatividade na pauta de importações brasileiras, pouco contribuiu para o crescimento da importação.

Em termos monetários, estima-se que o PIB de 2019, em valores correntes, alcançou a cifra de aproximadamente 7 trilhões, 217 bilhões e 995 milhões de Reais. Apesar de crescer pelo terceiro ano consecutivo, os resultados ainda não foram suficientemente expressivos para retornarem ao patamar dos anos anteriores a recessão econômica de 2014-2016. A preços constantes de 2019, o PIB de 2019, embora seja maior que os de 2015 a 2018, ainda é inferior aos de 2013 e 2014. A valores de 2019, o PIB per capita equivale a R$ 34.347, valor este inferior aos dos anos de 2010 a 2015. A produtividade da economia foi de R$ 69.348 Mil Reais em 2019. Apesar de ter aumentado com relação ao início da série histórica, este resultado ainda não superou o pico da série, em 2013, período pré-recessão de 2014-2016. Além disso, a produtividade em 2019 é também menor que as registradas entre os anos de 2011 a 2015. A evolução da produtividade da atividade de transformação que foi a atividade que apresentou a maior retração de produtividade na série histórica iniciada em 2001.

Nota-se que apenas a agropecuária apresentou ganho de produtividade nos dois períodos analisados. Em contrapartida, destaca-se que a produtividade da indústria foi a única que retraiu nos dois períodos, reflexo das quedas de produtividade das atividades de transformação e da construção, que também retraíram nos dois períodos analisados. Nos serviços, a perda de produtividade que ocorre na análise do período de 2013 a 2019 mostra-se generalizada dentro dos setores com apenas a atividade de serviços de informação tendo apresentado ganho de produtividade no período.

A Formação Bruta de Capital Fixo (investimento), apesar de ter apresentado, em 2019, valor maior que os de 2016 a 2018, ainda é inferior aos resultados de 2008 e dos anos de 2010 a 2015. O consumo das famílias já mostra uma retomada mais robusta sendo o resultado de 2019 apenas inferior ao do ano de 2014. A taxa de investimento da economia foi de 15,3% em 2019. Considerando a série histórica iniciada em 2001, apenas 2003 (15,1%), 2017 (14,7%) e 2018 (15,1%) apresentaram taxas de investimento menores do que a atual. Em resumo, os resultados acima apresentados mostram que, a despeito da recuperação da economia o ritmo é ainda muito lento, não tendo conseguido superar, após 22 trimestres de iniciada a recessão, o nível do 2º trimestre de 2014.

A recuperação da atividade econômica após a recessão que se iniciou em 2014 e terminou em 2016, ainda não foi capaz de superar o nível de atividade anterior a recessão. Após 22 trimestres a partir do seu início a economia brasileira ainda se encontra abaixo do nível de atividade econômica que detinha anteriormente. De acordo com estes dados, a indústria e a FBCF são os componentes do PIB que ainda estão mais distantes dos valores que apresentavam no 2º trimestre de 2014.

Foto: divulgação

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