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“PIOR INIMIGA DO MEIO AMBIENTE É A POBREZA”, DIZ GUEDES EM DAVOS

Redação - 21/01/2020 13:00

Em uma reunião do Fórum Econômico Mundial pautada pela ameaça das mudanças climáticas e chamada informalmente de “Davos Verde”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira aos participantes que “a pior inimiga do meio ambiente é a pobreza”. Segundo ele, se não há oportunidades de geração de renda, as pessoas destroem o meio ambiente porque “têm fome”. “É um problema complexo, não há solução fácil”, afirmou o ministro.

Em uma sessão cujo tema eram tendências e desafios da manufatura avançada, Guedes mencionou o aviador Alberto Santos Dumont — cujo voo inaugural do 14 Bis ocorreu em 1906 — como símbolo de que o Brasil também pode sem bom em inovação. A discussão no painel em que estava o ministro girou em torno das transformações tecnológicas e seus impactos para a indústria e para o mundo do trabalho. Para o ministro, o Brasil “está um pouco atrás, para não dizer muito atrás, nessa discussão”.

No entanto, segundo ele, o processo de inovação é hoje mais descentralizado e o país tem uma “grande chance” com a quarta revolução industrial. Para ilustrar, fez uma comparação com Israel. “Eles têm tecnologia, mas não têm escala. Nós temos escala”, disse Guedes. “Nós podemos recuperar o tempo perdido se avançarmos em educação e estivermos conectados.”

O Brasil vai anunciar a adesão a acordo internacional de compras governamentais de forma a permitir um tratamento isonômico aos estrangeiros interessados em participar de licitações e concorrências públicas no país.

“É o acordo pelo qual nós agora passamos a admitir empresas de fora também para todas as compras que a gente fizer, um tratamento isonômico. O Brasil está querendo entrar para primeira liga, primeira divisão de melhores práticas. E isso realmente é um ataque frontal à corrupção”, afirmou a jornalistas, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.

“Um tema importante na campanha do presidente Bolsonaro foi acabar com a corrupção. E nós sabemos que boa parte da corrupção foi permitida exatamente com coisas de governo: empreiteiras, obras governamentais, coisas desse tipo”, acrescentou.

O Acordo sobre Compras Governamentais (GPA, na sigla em inglês), mantido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), estabelece para os países signatários uma série de compromissos em matéria de transparência e acesso aos mercados nacionais de compras públicas.

Seus integrantes ficam obrigados a dar isonomia de tratamento entre empresas nacionais e estrangeiras em contratações para a aquisição de bens, serviços e obras. O GPA consiste basicamente em duas as partes: o texto do contrato e os cronogramas de compromissos para acesso aos mercados das partes.

Atualmente, são 48 os signatários do GPA, incluindo os 27 países da União Europeia e o próprio bloco europeu. Segundo o Ministério da Economia, o Brasil, como a maior parte dos países em desenvolvimento, não é signatário, mas desde 2017 participa do grupo como membro observador com outros 33 países.

Segundo reportagem do Valor Econômico, o governo pretende aproveitar a presença de megainvestidores nesta semana, em Davos, para fazer o anúncio, e mostrar que o país está comprometido com a agenda de liberalização. O que, quando e como o Brasil abrirá suas licitações ainda terá quer ser definido em negociação técnica com a OMC.

Segundo Guedes, a adesão ao acordo permitirá o Brasil receber maiores fluxos de investimentos e se integrar às cadeias globais de negócios. Questionado se a adesão ao acordo não impede a promoção de políticas industriais, com margens de preferência a empresas nacionais, o ministro disse que o Brasil não pode ser “uma fábrica de bilionários à custa da exploração dos seus consumidores”.

“Você tem que saber o que você quer, é um trade-off. Você quer ter as melhores práticas, receber os maiores fluxos de investimentos, se integrar às cadeias globais de negócios ou continuar sendo o que disse durante a campanha: 200 milhões de trouxas servindo a 6 empreiteiras, 6 bancos”, disse.

“O Brasil é um país querendo crescimento, competição, melhores oportunidades e se livrar de corrupção. Então esse acordo para as compras governamentais é um ataque frontal à corrupção. São as melhores práticas, e toda vez que o governo vai comprar alguma coisa entra todo mundo. Não dá para fazer aqueles acordos pra financiamento de campanha: eu ajudo a te eleger e depois você me dá recursos públicos”, acrescentou. No Brasil, as chamadas compras governamentais, ou compras públicas, são regulamentadas pela Lei 8.666, de 1993 (Lei de Licitações).

Foto: divulgação

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