O ministro Paulo Guedes (Economia) declarou em entrevista ao Poder em Foco que o dólar alto e os juros baixos são “o novo normal” da economia brasileira. Para ele, o país saiu do abismo fiscal com a aprovação da reforma da Previdência, e deu espaço para inflação e taxa básica Selic menores. “Essa combinação maldita de juros altos e câmbio baixo foi revertida. O Brasil, em vez de ser 1 país que tem 1 fiscal frouxo e apertado só no freio monetário, agora controla os gastos do governo, porque gasta muito e gasta mal. Nós queremos que o dinheiro fique no bolso do povo”, declarou Guedes. As declarações foram dadas em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues.
Referência para balizar os juros no Brasil, a taxa básica Selic está no menor nível da história, aos 4,5% ao ano. O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central sinalizou que o percentual ainda pode cair ao longo de 2020, para 4,25% anuais, e retornar para o nível atual até o fim do ano. Os juros estão baixos porque a inflação está controlada. O CMN (Conselho Monetário Nacional) estabeleceu uma meta de 4% para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano. Economistas entrevistados pelo BC estimam, porém, que o percentual ficará abaixo disso, em 3,58%. O Ministério da Economia projeta que a taxa terminará o ano em 3,62%.
O índice de preços se mantém em patamares controlados mesmo com a valorização do dólar frente ao real. A moeda norte-americana chegou à cotação de R$ 4,26 em novembro de 2019. A saída de dólares do Brasil somou US$ 44,7 bilhões em 2019, o que corresponde ao maior volume em 38 anos –e explica parte do encarecimento da divisa.
O ministro disse que o Brasil erra ao ter altos encargos trabalhistas que, para ele, são “armas de destruição em massa” de postos de trabalho. Guedes afirmou que o país tem cerca de 40 milhões “sem emprego com carteira assinada“, referindo-se à informalidade.
O governo federal publicou uma medida provisória criando o Programa Verde Amarelo, que busca inserir os mais jovens no mercado de trabalho. A proposta é reduzir obrigações trabalhistas do empregador e direitos dos empregados para fomentar a criação de mais vagas. A MP encontrou resistência no Congresso. Deve ter difícil discussão entre os congressistas e a equipe econômica em 2020. Um dos trechos mais contestados é a taxação do seguro desemprego. A cobrança foi defendida pelo ministro, que compara quem recebe o benefício aos empregados com renda de 1 salário mínimo.“Se o sujeito trabalha, ganha R$ 1.000 e paga 1 impostozinho, por que se ele não trabalha e também ganha R$ 1.000, ele não vai pagar imposto?”, questionou Guedes.
Foto: Agência Brasil