A força-tarefa da Operação Lava Jato quer ouvir Marcelo Odebrecht e outros dois ex-executivos da empreiteira sobre a venda da Petroquímica Triunfo, da Petrobras, para a Braskem. Os investigadores identificaram e-mails considerados suspeitos em que os empresários dizem ter acionado parlamentares aliados para barrar, na CPI da Petrobras, o depoimento de um executivo que denunciou supostas irregularidades na negociação. As mensagens citam inclusive que o ex-senador Romero Jucá (MDB), então relator da CPI, teria confirmado que não chamaria o empresário rival. Em 2018, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que um laudo da Polícia Federal no Paraná apontou que o acordo gerou prejuízo de até R$ 191 milhões aos cofres da Petrobras.
A investigação se iniciou após representação da família Gorentzvaig, dona da Petroplastic, que era sócia da Petroquisa – subsidiária da Petrobras, na Triunfo. Eles afirmam ter feito uma proposta de R$ 350 milhões pela aquisição da Triunfo, que foi rejeitada pela Petroquisa. A subsidiária, então, aceitou uma oferta de R$ 117 milhões da Braskem. À época, Paulo Roberto Costa – ex-diretor de Abastecimento da estatal petrolífera -, primeiro delator da Operação Lava Jato, era diretor da Petroquisa e integrou a negociação. A Petroplastic o acusa de favorecer a Odebrecht. Costa, que confessou ter recebido US$ 32,5 milhões em propinas da empreiteira, afirmou, por outro lado, não ter conhecimento de irregularidades na aquisição da Triunfo pela Braskem.
Sobre o negócio, os procuradores destacam que a PF conclui que “há inegável discussão sobre os métodos e parâmetros empregados para a avaliação do valor da Petroquímica Triunfo; todavia, entende que eventual subavaliação dos ativos públicos – dado que a Petrobras tinha o controle majoritário da Triunfo -, por si só, não encontra correspondência em nenhum tipo penal previsto em nosso ordenamento”.
No entanto, as investigações não foram concluídas. A força-tarefa quer mais diligências para verificar se há indícios de crimes na transação. Em meio ao inquérito, os investigadores passaram a analisar os e-mails fornecidos por Marcelo Odebrecht em sua delação premiada, e entenderam haver “conversas suspeitas”. Nas mensagens, os investigadores encontraram tentativas de barrar depoimentos do empresário Boris Gorentzvaig na CPI da Petrobras, em 2009.
De acordo com os procuradores, em julho de 2009, o executivo Marcos Wilson escreveu a Marcelo: “Marcelo e Nelson: a CPI vai dar um palco para Boris Gorentzvaig. Ele, claro, deve aproveitar a grande chance de fazer denúncias que irão desde ‘conluio Petrobras/Braskem’ até ataques pessoais ao Dr. Emílio, no estilo do publicado pelo Estadão há uns dois anos”. “Precisamos ficar atentos em Brasília e termos um plano sinérgico (Braskem e Odebrecht) para contrabalançar o depoimento Conversemos sobre assim que vocês puderem”, completou.(TB)
Foto: divulgação